O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu que o Poder Judiciário casse o mandato do vereador de Santos, Marcelo Téo (PP), após investigações apontarem que sua campanha eleitoral teria sido financiada pelo crime organizado.
A ação foi ajuizada no fim do ano passado, nos termos do artigo 22 da Lei Complementar 64/90. De acordo com a investigação realizada pelo promotor eleitoral local, Núcleo de Inteligência e Gestão de Conhecimento e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), o agora parlamentar recebeu, durante a sua campanha, recursos de pessoas sem lastro financeiro.
Na ação, o Ministério Público demonstra que uma liderança de facção criminosa com forte atuação na Baixada Santista e seu irmão, já condenado por tráfico internacional de entorpecentes, financiaram a campanha. Ambos são irmãos do vereador eleito e empossado. Um deles responde processo perante a Justiça Federal por lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Caixa Forte, deflagrada em 2020, na qual foram bloqueados centenas de milhões de reais.
“No ano passado, uma das prioridades estabelecidas pelo MPSP para a sua atuação no front eleitoral foi justamente a de barrar a infiltração do crime organizado no Poder Executivo e no Poder Legislativo. Para a instituição, a origem ilícita do financiamento eleitoral traz enorme risco para a sociedade. No final de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve impugnação do registro de candidatura de integrante de milícia armada em Belford Roxo, no Rio de Janeiro.”, finalizou o MP em nota.
O vereador se manifestou em suas redes sociais e ressaltou que o referido processo tramita sob segredo de Justiça. A nota abaixo foi publicada:
“O vereador Marcelo Téo reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência, ressaltando que confia plenamente na Justiça para que os fatos sejam apurados com a devida isenção e dentro dos estritos limites do devido processo legal. Reitera-se que, até o momento, não houve qualquer decisão definitiva que possa comprometer o mandato do vereador, sendo prematuro e especulativo qualquer juízo de valor que não se baseie em provas cabais e devidamente analisadas pelo Poder Judiciário.
A defesa do parlamentar enfatiza que ele sempre conduziu sua campanha dentro dos parametros estabelecidos pela legislação eleitoral e que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer ato que pudesse comprometer a lisura do processo eleitoral. Eventuais suspeitas lançadas sobre a origem de doações já foram devidamente esclarecidas no âmbito judicial, oportunidade na qual foram espontaneamente apresentados comprovantes de rendimentos e declarações do imposto de renda dos doadores, comprovando-se a regularidade da campanha.”