Amanda Porfírio da Silva, de 33 anos, morreu após sofrer complicações ao dar à luz no Hospital dos Estivadores, na cidade de Santos, litoral paulista. O marido da vítima alega ‘negligência’ médica, pois teriam tentado fazer parto normal.
A morte aconteceu no dia 24 de abril, cerca de 10 dias após a sua internação inicial. A mulher foi internada no dia 12 de abril, com 39 semanas de gestação. Conforme consta no boletim de ocorrência, ela solicitou cesariana, mas inicialmente foi submetida à indução para parto normal, sendo a cesárea realizada apenas no dia seguinte.
Após o parto, a vítima apresentou complicações e foi levada à UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ela teria apresentado sangramento na cavidade abdominal, sendo necessário ser submetida a uma nova cirurgia para a retirada de seu útero.
Ela permaneceu internada, mas não resistiu e veio à óbito. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o caso foi registrado apenas na segunda-feira (28), como morte suspeita no 4º Distrito Policial de Santos, que instaurou inquérito para apuração.
A Prefeitura de Santos informou que a Secretaria de Saúde de Santos frisa que todos os óbitos maternos, assim como os infantis, são investigados pela Seção de Vigilância da Mortalidade Maternoinfantil de Santos.
Para o marido, houve negligência no atendimento médico, uma vez que não foi respeitado o desejo da esposa em realizar uma cesária, sendo a mesma induzida ao parto normal, antes de finalmente ser submetida a uma cesariana. Ainda segundo ele, o pronturário médico não lhe foi mostrado, o impedindo de uma segunda opinião médica sobre o quadro de saúde de sua mulher antes de seu óbito.
A Equipe do TH+ entrou em contato com a administração do Hospital dos Estivadores, e a mesma enviou uma nota completa:
O Complexo Hospitalar dos Estivadores lamenta o falecimento da paciente mencionada e informa que conduziu todos os esforços e cumpriu todos os protocolos de atendimento previstos para o caso. A instituição, que é referência para o atendimento de gestações de alto risco, esclarece que este foi o primeiro óbito de gestante registrado desde agosto de 2022, num universo de mais de 8 mil partos realizados no período. O Complexo Hospitalar dos Estivadores informa que apresenta índices de excelência na realização de partos no país, apresentando uma taxa de óbito materno 35,4% abaixo da média nacional DATASUS).
O Complexo Hospitalar dos Estivadores informa ainda que realiza em média 193 partos ao mês. Na instituição, 48,42% dos partos realizados são cesarianas, destes 17,44% são a pedido da gestante, em cumprimento a Lei nº 17.137/2019 de São Paulo, que “garante à parturiente (mulher em trabalho de parto) o direito de optar pela cesariana a pedido, desde que a gestação esteja a partir da 39ª semana, após ter sido informada sobre os benefícios e riscos de cada
tipo de parto”, assim como ocorreu no caso em questão. O Hospital esclarece que a paciente, que ingressou na instituição em 12 de abril, consentiu em realizar parto normal, procedimento considerado recomendável na avaliação clínica. No decorrer do trabalho de parto, a paciente solicitou a realização de cesariana, no que foi atendida prontamente pela equipe, como determina a legislação, não havendo recomendação em contrário. Os termos de consentimento e de mudança de procedimento estão devidamente documentados e assinados pela gestante. Durante a realização da cirurgia cesariana, constatou-se a ocorrência de hemorragia, decorrente de condições particulares da paciente. Diante do quadro, foram tomadas todas as medidas para estancamento do processo hemorrágico. A paciente foi, então, mantida em observação no centro cirúrgico e, posteriormente,
encaminhada à UTI. A instituição esclarece que informou imediatamente à família sobre o quadro de saúde da paciente. Os procedimentos de controle da hemorragia foram bem-sucedidos, mas a paciente não resistiu aos
desdobramentos do choque hemorrágico e veio a óbito no último dia 24.
O Complexo Hospitalar dos Estivadores informa ainda que manteve a família plenamente informada durante todo o período da internação e que o prontuário esteve sempre à disposição, cumpridas as formalidades previstas. Até o momento não houve registro de solicitação formal por parte da família para a entrega do prontuário.
O episódio foi registrado e acompanhado pelo setor de Qualidade e pela Comissão de Óbito do Hospital. Além destes, foi acionada a Sessão de Mortalidade Materno-infantil de Santos. O caso foi encaminhado também para avaliação do Conselho Regional de Medicina. A instituição está certa de que cumpriu todos os protocolos
e empregou os melhores esforços para o atendimento da paciente. A instituição reitera sua solidariedade aos familiares neste momento de dor.



