Operação “Hereditas”: facção ordenava ataques contra policiais na Baixada Santista e há possível acordo com políticos

Foto: SSP

A operação nomeada “Hereditas”, deflagrada na manhã desta terça-feira (1), tem como foco de investigação os agentes públicos que são suspeitos de envolvimento em fraudes licitatórias na cidade de Guarujá, litoral paulista. A investigação revela envolvimento de liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital) e agentes públicos em esquema de propinas na Câmara Municipal e Prefeitura. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou, porém, uma nova atualização sobre o caso: a organização criminosa ordenava ataques contra policiais militares, e supostamente houve acordo com políticos.

Segundo a pasta, as investigações da operação desvendaram o envolvimento de uma organização criminosa que ordenava o assassinato de policiais da ativa e da reserva em Guarujá. O bando ligado ao PCC tentava instalar uma milícia na região para oferecer “segurança” aos comerciantes mediante pagamentos mensais.

Por meio de ameaças e ataques a lojas e comércios, os criminosos forçavam os empresários a desistirem de contratar seguranças particulares, na maioria das vezes policiais aposentados, para obter o serviço da organização criminosa. 

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A polícia identificou que o líder da quadrilha, de apelido ‘Meia Folha’, que figurava entre o alto escalão do PCC, comandava o tráfico de drogas e de armas em uma comunidade na região de Vicente de Carvalho. Em 2022, conforme as apurações, ele foi ao Rio de Janeiro para obter informações para implementar a milícia em bairros de Guarujá.

Desde então, o bando passou a atuar com vigilantes contratados a fim de obter o monopólio da segurança de comércios de Guarujá. Além disso, desencadeou uma onda de homicídios contra policiais e agentes de segurança que já trabalhavam nesses locais como seguranças particulares. Para isso, organizou roubos e ataques contra estabelecimentos para ameaçar os comerciantes. 

As informações fazem parte de uma investigação que identificou o envolvimento da quadrilha em pelo menos quatro mortes de policiais em Guarujá no ano passado. Em todos os casos há indícios da atuação da milícia nos crimes. 

Há suspeitas de que houve um “acordo” entre políticos e a liderança criminosa para conter a violência na região na época. O fato corroborou o envolvimento do bando em licitações fraudulentas na Câmara de Vereadores e na Prefeitura do município. 

O avanço das investigações mostrou que o criminoso, proprietário de uma empresa de limpeza, venceu uma licitação com indícios de fraude da prefeitura de Guarujá para prestação de serviços em órgãos públicos. Em dois anos, o contrato gerou R$ 26,9 milhões à organização criminosa. Em março deste ano, o líder da milícia foi morto num ataque a tiros no município.

Operação Hereditas

Iniciada nesta terça-feira (01), o Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), a Polícia Militar e a Polícia Civil deflagraram a Operação Hereditas para dar cumprimento a 26 mandados de busca e apreensão nas cidades da Baixada Santista e na capital.

A operação conta com 15 integrantes do Ministério Público, 76 policiais militares do Comando de Policiamento de Choque (ROTA, COE e GATE) e 50 policiais civis da Delegacia Seccional de Praia Grande e do DOPE (Departamento de Operações Policiais Estratégicas).

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