PMs viram réus por suspeita de simular confronto que resultou em morte de homem em Operação Escudo

A denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP-SP) contra dois policiais militares que executaram Allan de Morais Santos, de 36 anos, no dia 10 de fevereiro, na cidade de Santos, litoral paulista, foi recebida pela Vara do Júri no último dia 21. O tenente Diogo Souza Maia e o cabo Glauco Costa se tornaram réus, acusados de terem simulado confronto com o homem.

Na data dos fatos, a Polícia Militar teria recebido a denúncia de que um envolvido com facção criminosa estava transportando armas em um Jeep Compass. O suspeito foi interceptado na Avenida Martins Fontes, e segundo os agentes, teria desobedecido a ordem de parada, colidido contra uma viatura, e disparado contra a equipe.

O MP, porém, levanta a denúncia de que a cena de um confronto foi simulada, e foi determinado que os PMs, agora réus, sejam afastados de trabalhos externos e mantidos apenas em funções administrativas na corporação. Eles responderão por homicídio qualificado pelo uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e pelo abuso de poder.

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Os promotores com atribuição no Tribunal do Júri e do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) demonstram na denúncia que o crime foi praticado no contexto da Operação Verão, deflagrada pela Polícia Militar após o assassinato de um agente de segurança que realizava incursão no bairro Bom Retiro.

“Ficou evidenciado que os acusados participaram de perseguição contra a vítima, abordando-a na Avenida Martins Fontes. Dentro do veículo que conduzia, o homem foi atingido por disparos efetuados pelos dois policiais, inclusive a curta distância. Em seguida, os réus simularam que tiros tinham sido dados de dentro para fora do carro, forjando um confronto que não ocorreu”, informou o MP em nota.

“A versão dos acusados de que a vítima acelerou o carro, bateu na viatura que estava à frente e, concomitantemente, efetuava disparos de pistola contra eles, também se verificou insustentável”, afirmam os membros do MPSP autores da ação penal.

Trata-se da quarta denúncia de crime nas operações feitas em resposta ao assassinato de PMs na Baixada Santista durante o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a primeira relacionada a uma ocorrência de 2024.

A denúncia foi baseada, principalmente, nas câmeras corporais dos PMs, que mostram vários momentos em que as gravações são bloqueadas. Em outro momento, os policiais também ficam de costas para a cena do crime, deixando de filmar os momentos em que armas e uma cápsula teriam sido posicionadas. Allan não aparece nas filmagens quando é alvejado, e portanto, não há registros do mesmo com uma arma de fogo na mão.

A pistola atribuída à vítima aparece caída no chão do carro. O tenente Maia não estava com a câmera ligada no momento dos fatos. O carro de Allan teria ficado cercado por viaturas por cerca de 20 minutos. Na primeira inspeção ao porta-malas do veículo, nada teria sido encontrado, porém, 14 minutos depois, segundo a acusação, um fuzil foi achado.

Relembre o caso

A Polícia Militar recebeu denúncia de que um envolvido com facção criminosa estava transportando armas em um Jeep Compass, na tarde de 10 de fevereiro.

Eles conseguiram interceptar o homem (36 anos) e deram ordem de parada, na Avenida Martins Fontes, em Santos. Porém, o mesmo não respeitou, e jogou o carro contra a viatura. A PM então disparou contra o criminoso, que acabou atingido.

Um fuzil calibre 556 foi apreendido. O envolvido tinha passagens por tentativa de homicídio e associação criminosa. Mesmo levado à Santa Casa, acabou não resistindo e veio a falecer.

Allan de Morais Santos, também conhecido como “Príncipe” dentro de uma facção criminosa foi o 19º morto na Baixada Santista após o início da Operação Escudo.

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