A Prefeitura de Santos divulgou alerta sobre o mosquito Aedes aegypti, responsável pela dengue, chikungunya, zika vírus e a febre amarela. Durante os mutirões, os agentes encontraram um alto número de focos do mosquito.
Segundo a administração, em comparação com o ano passado, a cidade teve 21 mutirões e 2.204 focos em 2023. Já em 2022, 26 mutirões e 1.546 focos eliminados. Ou seja, um aumento de 42,5%. As larvas são analisadas em laboratório e, embora parte delas seja identificada como de outras espécies, as condições para gerar o Aedes são as mesmas: água parada.
“Uma vez que temos o vírus da dengue e da chikungunya em circulação na Cidade e um número alto de criadouros, estaremos sempre registrando casos dessas doenças. Este inverno atípico, com muitos dias com temperaturas acima da média para esta época do ano também nos preocupa muito, uma vez que o calor é essencial para a eclosão dos ovos do Aedes aegypti, o que pode ocorrer em período de até 1 ano após serem colocados pela fêmea no criadouro”, explica Ana Paula Valeiras, chefe do Departamento de Vigilância em Saúde.
Neste momento, a dengue tipo 1 é o vírus prevalente na Cidade e tem acometido com mais frequência pessoas idosas, crianças e jovens até 19 anos. Quem já teve contato com este vírus no passado não é acometido por ele outra vez. Já a chikungunya pode adoecer uma pessoa mais de uma vez. Em 2023, Santos registra 170 casos de dengue e 39 de chikungunya.
Ana Paula alerta que o estado de São Paulo está passando por uma epidemia de chikungunya e Santos é uma cidade que precisa de atenção, por ser turística e portuária, além do fato de que terá início, em breve, a temporada de cruzeiros.
Os pacientes que tiverem os sintomas conhecidos das doenças transmitidas pelo mosquito, como dores no corpo, nas articulações, erupções avermelhadas na pele, entre outros, devem procurar as policlínicas para atendimento e coleta de exames.
Previsão preocupante
Alexandre Nunes, veterinário chefe do Centro de Controle de Zoonoses e Vetor da Prefeitura (CCZV) explica que a previsão para o cenário de Santos é preocupante.
“Quatro vezes por ano é realizada uma avaliação de densidade larvária para determinar a quantidade de mosquitos na região. Em julho deste ano, tivemos o número mais alto da história de Santos no inverno e isso preocupa para o verão, época com maior quantidade de mosquitos”.
“Santos pode não ter muitos casos oficialmente registrados, mas com essa quantidade elevada de mosquitos e por ser uma cidade turística, corremos o risco real de passar por uma nova epidemia na região”, completa o veterinário.
A chefe de atividades técnicas do CCZV, Ana Paula Favoreto, frisa que a população deve estar sempre em alerta, afinal a maior parte dos criadouros está dentro das residências.
“Realizamos visitas casa a casa e mutirões para relembrar os munícipes dos cuidados que devem ser tomados, o importante é não deixar água acumulada. Claro que nosso dever é eliminar todas as situações de risco de proliferação de mosquito, mas o mais importante é a conscientização”.
Ana Paula Favoreto conta que no bairro Encruzilhada, onde foi realizado o último mutirão, houve 25 casos de reincidência de focos. Os moradores que não tomarem os devidos cuidados para evitar o nascimento do mosquito podem receber uma intimação da prefeitura e, não havendo cumprimento, multa, conforme a lei municipal 451/ 2002.
Como combater o Aedes
Casa a Casa – Programa de visitação de rotina aos imóveis do Município, ao longo do ano, com o objetivo de orientar os munícipes e eliminar situações que contribuam para a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Mutirão – Realizado de forma intensiva, em um único dia, em algum bairro da Cidade. Reúne os agentes de combate de endemias responsáveis por outras localidades para uma grande varredura, com o intuito de orientar a população e eliminar situações que contribuam para a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Bloqueio – Ação específica em quadras onde há a confirmação de caso de uma das doenças transmitidas pelo mosquito.
Imóveis especiais e pontos estratégicos – Locais visitados mensalmente, sem falta. Estão cadastrados como imóveis especiais os locais com grande circulação de pessoas como hotéis, centros de compras e instituições de ensino. Já os pontos estratégicos são os que podem apresentar mais risco para a geração de criadouros como ferros-velhos, oficinas, borracharias, cemitérios e obras.
Nebulização – Aplicação de inseticida no entorno da residência de pessoa acometida pela chikungunya, com o objetivo de combater o mosquito já na fase adulta, quando está transmitindo a doença. Toda nebulização é precedida, dias antes, de uma visita nesses imóveis, com o objetivo de eliminar criadouros do mosquito. Assim, a eliminação dos criadouros combinada à nebulização é uma ação de bloqueio.
Armadilhas – Santos possui 481 armadilhas espalhadas por toda a Cidade, monitoradas semanalmente, sendo 39 na área do Porto, com levantamento dos dados pela Autoridade Portuária, que os repassa ao Município. As armadilhas indicam o nível de infestação de Aedes aegypti ao atrair as fêmeas, que ficam presas e morrem. O mapa de infestação é atualizado semanalmente e está disponível neste link. As análises dos resultados das armadilhas podem ser consideradas na decisão do bairro que receberá o próximo mutirão.
Acompanhamento epidemiológico – A Seção de Vigilância Epidemiológica recebe notificações de casos suspeitos das doenças transmitidas pelo Aedes e acompanha o desfecho de cada um deles. A notificação de casos suspeitos e/ou confirmados dessas doenças é obrigatória por parte das unidades de saúde e também são consideradas nas estratégias de enfrentamento ao inseto.
Atividades Educativas – Por meio da equipe do IEC (Informação, Educação e Comunicação) são realizadas atividades lúdicas e educativas nas escolas, palestras em empresas e instituições, pedágios em diferentes pontos da Cidade, participação em eventos, estandes temáticos e reuniões em condomínios. As ações são realizadas de forma ininterrupta e visam gerar multiplicadores sobre as formas de prevenção de doenças, inclusive as transmitidas pelo Aedes aegypti. Para solicitar as atividades, deve-se telefonar para 3257-8036 ou enviar e-mail para [email protected].