Terremoto de magnitude 5,4 atinge Portugal

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um terremoto de magnitude 5,4 atingiu o mar da costa de Setúbal, em Portugal, a dez quilômetros de profundidade, nesta segunda-feira (26), segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Não há registro de vítimas ou danos graves. No entanto, a Proteção Civil recebeu um grande número de chamadas, de Alentejo até Coimbra, depois do tremor, registrado às 5h11 do horário local (à 0h11 de Brasília).

O terremoto foi sentido em várias partes do país, inclusive Lisboa e Porto. A maioria das chamadas para a Proteção Civil foi de pessoas que perguntaram o que havia acontecido e o que deveriam fazer. O abalo se tornou o assunto do dia nas ruas de Lisboa e na TV e fez reavivar os relatos do grande tremor de 1755, cuja magnitude foi estimada em 9 e que destruiu a capital portuguesa. Ao menos 50 mil pessoas morreram, além de outras 10 mil em Marrocos.

“Apelamos à população para que mantenha a serenidade e siga as recomendações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil”, disse o governo português.

O sismo teve origem no mar, mas não há risco de tsunami, adiantam os especialistas. Foram detectadas mais quatro réplicas.

Em nota, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa informou que acompanha a situação e reforçou que o terremoto não deixou feridos ou grandes estragos materiais. Ele se reuniu em Belém com o primeiro-ministro em exercício, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Apesar de estar de férias, o premiê Luís Montenegro agradeceu a rápida assistência da Proteção Civil e das autoridades no acompanhamento do sismo e destacou “a serenidade da reação do povo português”. “Sem alarmismos, continuaremos a trabalhar na prevenção e capacidade de reação para garantir a segurança de todos”, escreveu Montenegro na rede social X.

O abalo também foi sentido em partes de Marrocos, incluindo a região de Casablanca.

Mais de 2.000 pessoas relataram o terremoto desta segunda na ferramenta “Você sentiu isso?”, do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

“Estamos localizados no apartamento do térreo, e todo o prédio tremia acima de nós. O chão parecia que estava afundando. Nossos cachorros acordaram e estavam enlouquecendo”, disse Keira McCann à BNO News. “Não esperávamos vivenciar isso em Portugal.”

Brasileiros famosos também sentiram o tremor, como o dramaturgo Aguinaldo Silva. “Acordei às 5h11 com o terremoto aqui em Portugal. O prédio balançou e sacudiu. Estou aqui de prontidão”, publicou ele em uma rede social.

A atriz Luana Piovani, que mora em Cascais, também sentiu o tremor. “É uma sensação bem maluca. Você sente que alguma coisa está acontecendo, mas leva um tempo para entender que é a terra que está tremendo”, disse.

Embora não seja obrigatório, muitas residências em Lisboa possuem seguro contra terremotos, uma prática comum que é frequentemente sugerida pelas seguradoras.

Portugal, especialmente sua região sul e os Açores, está localizado perto da fronteira entre as placas tectônicas Eurasiática e Africana. Essa posição torna a área suscetível a atividades sísmicas.

O país registra vários abalos menores com magnitude abaixo de 3,0 a cada ano, que geralmente não são sentidos pela população ou causam danos.

O terremoto de segunda-feira foi o mais forte a atingir o país desde 2009, quando um tremor de magnitude 5,6 foi registrado na costa sul.

Para lembrar a tragédia de 1755, Portugal inaugurou há dois anos o Quake: Museu do Terremoto de Lisboa, espaço que oferece uma experiência imersiva que recria os eventos catastróficos da manhã de 1º de novembro daquele ano.

Com uma combinação de tecnologia e narrativa histórica, o museu permite que os visitantes vivenciem a intensidade dos tremores, a enchente do rio Tejo, os incêndios subsequentes e o caos que se seguiu.

Voltaire, filósofo e escritor francês do século 18 (1694-1778), tinha obsessão com esse evento e o usou como pando de fundo para sua obra “Cândido ou o Otimismo” (1758), onde o protagonista, Cândido, e seu mestre, Dr. Pangloss, vivenciam a catástrofe que devastou a cidade.

Redação / Folhapress

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