SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça da Espanha condenou a oito meses de prisão três torcedores do Valência acusados de proferirem insultos racistas contra o brasileiro Vinicius Jr, durante partida do campeonato espanhol, em maio do ano passado. O trio também ficou proibido de ir a estádios durante dois anos.
Os três foram considerados culpados na acusação de delito contra a integridade moral, com agravante de discriminação por motivos racistas.
Segundo a LaLiga, responsável pelo campeonato espanhol, esta é a primeira sentença condenatória deste tipo na Espanha como consequência da denúncia feita pela própria liga.
“Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas jogar futebol. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos”, escreveu o jogador em rede social.
“Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí ”
“Esta sentença é uma grande notícia para a luta contra o racismo na Espanha, já que repara o dano sofrido por Vinicius Jr. e lança uma mensagem clara às pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar: de que a La Liga os detectará, denunciará e haverá consequências penais para eles”, afirmou o presidente da entidade, Javier Tebas.
Segundo o Real Madrid, o trio escreveu uma carta pedindo desculpas ao atacante brasileiro. “Os três acusados assumiram a sua responsabilidade criminal e tornaram pública uma carta de desculpas dirigida ao nosso jogador Vinicius Junior, ao Real Madrid e às pessoas que se sentiram ofendidas e ofendidas”, informou o clube em nota.
“Entendo que possa haver certa frustração pelo tempo que essas sentenças levam para serem proferidas, mas isso demonstra que a Espanha é um país garantista a nível judicial”, acrescentou o presidente da LaLiga.
O próprio Tebas se viu envolvido no escândalo dos ataques racistas contra Vinicius Jr. Após a partida em que foi chamado de macaco, o atleta fez uma crítica pública à falta de punições na liga espanhola.
Após o episódio, Tebas insinuou no Twitter que o jogador estava sendo manipulado e que não deixaria o brasileiro manchar a imagem da competição.
Vinicius Junior foi ao ataque com fotos, vídeos e mensagens ressaltando episódios de racismo sofridos por ele e outros jogadores. O atacante recebeu apoio de nomes do esporte e de autoridades. Na sequência, Tebas pediu desculpas, e a La Liga lançou uma série de medidas de combate à discriminação racial no futebol.
INSULTOS RACISTAS
O caso que levou à condenação ocorreu em maio de 2023. Os insultos começaram por volta dos 15 minutos do segundo tempo, quando o brasileiro sofreu uma falta e foi chamado de “mono” (macaco, em espanhol) por torcedores adversários. Os xingamentos continuaram, a ponto de o locutor do estádio intervir pedindo o fim dos gritos, para que a partida não fosse suspensa.
Já nos acréscimos, depois de Vinicius identificar um dos torcedores e denunciá-lo para a arbitragem com gestos, jogadores das duas equipes trocaram empurrões. O brasileiro recebeu um “mata-leão” do atacante Hugo Duro e, ao se desvencilhar, atingiu o jogador do Valencia no rosto a ação foi punida com o cartão vermelho.
Após a partida, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, saiu em defesa de Vinicius e classificou o ocorrido como “inaceitável”.
“O ambiente estava muito tenso, muito ruim, perguntei se ele queria continuar em campo. O fato de pensar que tenho que tirá-lo por causa de racismo não me parece certo. Eu devo tirar um jogador se ele não está jogando bem, mas pensar em tirar um jogador por racismo, nunca aconteceu comigo.”
Redação / Folhapress