Uso de cartão de crédito em bets não passa de 15% das apostas, estima Campos Neto

Joédson Alves / Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O pagamento de apostas online com cartões de crédito representa de 10% a 15% do total de transações feitas pelos brasileiros nas bets, estima Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

“O grosso hoje é Pix. O cartão de crédito não deve ser mais de 10% a 15%”, disse o economista nesta quinta-feira (26), durante entrevista a jornalistas para comentar o relatório trimestral de inflação de setembro.

“Ainda tentamos entender o que isso pode significar para a inadimplência”, completou Campos Neto.

Segundo dados do relatório de inflação, a inadimplência no cartão de crédito segue estável, abaixo de 4%.

O número total do uso de cartões, porém, pode ser maior, já que não é possível auferir transações feitas via cartão de crédito de modo indireto, em carteiras digitais.

“O que às vezes você pode fazer é uma operação de cartão de crédito com uma carteira digital. E a carteira digital faz a operação e o emissor do cartão de crédito não consegue ver qual é a compra que está sendo feita. Nem sempre, olhando só o canal de cartão de crédito, conseguimos ter certeza que aquele canal de crédito, daquele cartão, não foi empregado naquela compra daquele item”, explicou Campos Neto.

O presidente do BC voltou a dizer que bets não são uma responsabilidade do Banco Central e que a autoridade monetária visa apenas auxiliar o governo no assunto, fornecendo dados. Além disso, a instituição monitora eventuais impactos das apostas no endividamento dos brasileiros.

“Se vemos que isso impacta inadimplência, é relevante para nós”, afirmou Campos Neto.

Estudo do BC apontou que beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas esportivas online gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix no mês de agosto. O montante destinado às empresas de apostas corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa no mês.

Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões fizeram apostas no mês passado. Na mediana, o valor gasto por pessoa foi de R$ 100. Desse total de apostadores, 70% são chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o dinheiro transferido pelo governo. O grupo enviou R$ 2 bilhões por meio do Pix às bets em agosto.

JÚLIA MOURA / Folhapress

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