A epidemia acabou? Veja por que colaborar com ações de combate à dengue no inverno

João Lucas Dionisio
João Lucas Dionisio
Jornalista, pai, chefe de redação na Thathi Record e editor executivo do THMais.
Crédito: Rogério Capela
Crédito: Rogério Capela

Campinas saiu da situação de emergência para a dengue há quase dois meses, mas permanece em epidemia. Neste contexto, a Secretaria de Saúde reforça o alerta sobre a importância de ações contínuas durante o inverno para eliminar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, incluindo a abertura dos imóveis para o controle de criadouros.

O trabalho em residências e comércios para eliminar focos do mosquito e conscientizar a população é realizado diariamente na cidade por funcionários da empresa Impacto Controle de Pragas. Eles usam camiseta laranja com logo da empresa e calça cinza, e líderes das equipes vestem camiseta verde com as mesmas características. Dúvidas sobre a identificação podem ser esclarecidas pela população pelo telefone 156.

O número de imóveis visitados desde janeiro para controle de criadouros chega a 1 milhão desde janeiro. Além disso, foi realizada nebulização em 160,4 mil residências e comércios. 

Um levantamento do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostra que nas últimas semanas aumentou o percentual de imóveis inacessíveis aos agentes por estarem fechados, desocupados ou por impedimento dos moradores. O problema tem crescido pelo menos desde 2022, o que dificulta os trabalhos realizados no enfrentamento à doença.

Considerando-se as ações realizadas pela Pasta no primeiro semestre deste ano, o índice registrado ficou em 51,5%. Já nas primeiras semanas de julho, ele subiu para 52,2%.
 

  • 2022: 47,9%
  • 2023: 49,2%
  • 2024 (até junho): 51,5%
  • 2024 (três primeiras semanas de julho): 105,6 mil imóveis visitados e pendência de 52,2%


Quais os riscos?

O coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas, Fausto de Almeida Marinho Neto, explicou que a manutenção de trabalhos preventivos no período mais frio do ano contribuiu para evitar aumento de casos nas estações mais quentes. Segundo ele, há temor que muitas pessoas deixem de lado um hábito que passou a ser rotina no primeiro quadrimestre.

“Houve uma redução expressiva do número de casos de dengue, mas de forma alguma a preocupação com a dengue está resolvida em Campinas ou no Brasil. O país registra neste ano a maior epidemia da história e, por isso, precisamos manter os cuidados com objetivo de evitar aumento de transmissão na primavera e verão”, explicou Fausto.

Desde 1º de janeiro Campinas já registrou 117.018 casos de dengue e 48 mortes. 

“A melhor forma de prevenção é eliminar qualquer recipiente que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. Os ovos dos mosquitos podem resistir por meses no ambiente, reforçando a importância do descarte adequado de todo material em desuso que possa conter ovos e acumular água. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados. Separe dez minutinhos por semana, isso faz toda a diferença”, ressaltou o coordenador do Programa de Arboviroses.

O desfecho óbito depende de fatores como procura precoce por atendimento, manejo clínico adequado e fatores individuais do paciente, como possíveis doenças preexistentes. Não há relação direta com a oscilação de casos.

Contexto nacional

A epidemia de dengue é nacional e, neste ano, dois fatores contribuíram para aumento de casos em Campinas apesar da série de esforços da Administração para combater a doença e aprimorar a assistência em saúde: a circulação simultânea de três sorotipos do vírus pela primeira vez na história, e condições climáticas favoráveis para a proliferação do mosquito, principalmente por conta das sucessivas ondas de calor entre outubro e início de maio.


Assistência em saúde

A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.


O que já foi feito

Em 2023, um estudo da Secretaria de Saúde mostrou que a cidade viveria uma nova epidemia de dengue. Por isso, foram desencadeadas diversas medidas para o enfrentamento da doença. Muitas delas consideradas adicionais ao planejamento regular de prevenção e combate à dengue. O plano inclui Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e novo site para divulgar informações.

Desde dezembro de 2023 foram reforçados os estoques dos principais insumos usados no tratamento da dengue para garantir o atendimento dos pacientes da rede municipal de saúde. A administração divulgou uma projeção de pelo menos 100 mil casos neste ano.

Outra novidade é o uso de inteligência artificial para ampliar o monitoramento e assistência em saúde aos pacientes com dengue. Toda pessoa diagnosticada ou com suspeita da doença, após atendimento no SUS Municipal, recebe, via WhatsApp, mensagem disparada pelo chatbot que auxilia a Pasta a acompanhar as condições do paciente. Caso necessário, é feita nova orientação sobre busca por atendimento. Até 24 de julho, 45.383 pacientes foram acompanhados. Do total, 15.117 foram reencaminhados aos serviços de saúde. 

A Prefeitura criou ainda o Grupo de Resposta Unificada (GRU), que envolve todas as áreas com objetivo de agilizar respostas e fiscalizações para denúncias que tratam de criadouros. Já a Secretaria de Serviços Públicos intensificou o trabalho de coleta de lixo e entulhos e, com isso, passou a recolher 4 mil toneladas a mais de resíduos urbanos por mês.

No período de emergência, a Saúde abriu centros de saúde que não funcionavam aos finais de semana para ampliar o atendimento dos pacientes.


Ações de 2024 em números – (atualização até 29/7)
 

  • Controle de criadouros: 1.001.131 imóveis visitados
  • Nebulização: cobertura de 160.421 imóveis
  • Monitoramento por chatbot: 45.383 pacientes

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