Áudio do copiloto de avião da Voepass revela falha no sistema antigelo 2 minutos antes da queda: “bastante gelo”

Jéssica Fagnano
Jéssica Fagnano
Jornalista, 32 anos.
Imagem: Divulgação

A gravação de voz obtida das caixas-pretas revelam uma falha no sistema antigelo, cerca de dois minutos antes da queda do avião da Voepass em Vinhedo, no dia 9 de agosto.

Segundo o Cenipa, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, um aviso na cabine avisou a tripulação que o gelo prejudicava o desempenho da aeronave.

Nesta sexta-feira, 6, o Cenipa, divulgou um relatório com o passo a passo do voo, desde a decolagem do avião em Cascavel, no Paraná, até o momento do acidente. As informações foram apresentadas primeiramente aos familiares das vítimas e depois, divulgado por meio de uma coletiva de imprensa.

O relatório concluiu que o avião estava habilitado para voar em condições de gelo. A comissão de investigação concluiu também que os pilotos tinham treinamento atualizado, e estavam aptos para voar nessas condições.

O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, afirmou que aeronave de modelo ATR 72, do voo 2283, operava dentro da normalidade até as 13h20 daquele dia. No entanto, 1 minuto depois, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP). O momento da colisão contra o solo ocorreu às 13h22.

O Cenipa aponta que a partir da análise dos dados das caixas-pretas foi possível verificar que os tripulantes comentaram sobre uma falha no sistema “DE-ICING”. Esse sistema funciona como proteção contra formação e acúmulo de gelo na aeronave.

Com as gravações obtidas, foi verificado ainda que o sistema AIRFRAME DE-ICING, responsável por evitar que ocorresse acúmulo de gelo nas asas, foi ligado e desligado por diversas vezes.

Baseado nos dados atmosféricos de ar superior, foi possível identificar que havia muita umidade combinada com temperatura do ar abaixo de 0°C, o que favoreceu a ocorrência de Formação de Gelo na Aeronave, desde o centro-norte do Paraná até São Paulo.

“As informações meteorológicas estavam disponíveis antes do horário da decolagem; os pilotos possuíam mais de 5.000 horas totais de voo e estavam com todas as licenças e certificações válidas. A aeronave fabricada em 2010 estava certificada para voo em condição de gelo, e os pilotos possuíam treinamento específico para esse tipo de voo. Integrando a tripulação do PS VPB, havia também duas comissárias. Ambas possuíam a Licença de Comissária de Voo (CMS) e estavam com as habilitações para a aeronave tipo AT47 em vigor”, explicou o Tenente-Coronel Fróes, que esta a frente das investigações.

Segundo o Cenipa, com base nos dados analisados, a investigação deverá seguir três principais linhas de ação:

Fatores Humanos – que deverá explorar os condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais relacionados ao desempenho da tripulação técnica ante a situação vivenciada;

Fator Material – que investigará a condição de aeronavegabilidade, com especial atenção aos sistemas Anti-Icing, De-Icing e de proteção contra stall da aeronave;

Fator Operacional – que analisará os aspectos relacionados ao desempenho técnico dos tripulantes e dos elementos relacionados ao ambiente operacional no contexto do acidente.

“É importante destacar que não existe um fator único para um acidente, mas diversos fatores contribuintes. No caso do PS VPB, a perda de controle da aeronave ocorreu durante o voo sob condições favoráveis à formação de gelo, mas não houve declaração de emergência ou reporte de condições meteorológicas adversas”, afirmou o Tenente-Coronel Fróes.

Abaixo segue a nota oficial da Voepass sobre o relatório provisório:

São Paulo, 6 de setembro de 2024 – A VOEPASS Linhas Aéreas reforça que está prestando todo o atendimento aos familiares das vítimas neste momento de profunda dor, para garantir que suas necessidades sejam atendidas.

O relatório preliminar divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) confirma que a aeronave do voo 2283 estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido e com todos os sistemas requeridos em funcionamento.

Reforça também, como o relatório aponta, que ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e treinamentos atualizados.

Cabe lembrar que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do CENIPA poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido.

A VOEPASS atua em um setor altamente regulado e reforça que segue rigorosamente todos os protocolos que atestam a conformidade de toda sua frota, seguindo os padrões mais elevados da aviação internacional.

A empresa segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e segue apoiando as famílias em suas necessidades.

A VOEPASS Linhas Aéreas destaca ainda que a segurança de seus passageiros e tripulação sempre foi e continuará sendo sua prioridade máxima.

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