Em meio ao aumento dos casos confirmados de dengue, Campinas, registra nove pacientes com a doença internados em hospitais das redes pública e particular da cidade nesta semana. Diferentemente da covid-19, a hospitalização para pacientes com dengue costuma ser curta, com tempo médio de até quatro dias, e ocorre até o quadro do paciente se estabilizar. Veja abaixo dados com comparativo desde 2015.
As indicações para internação hospitalar, segundo atualização feita pelo Ministério da Saúde na 6ª edição do Guia Dengue: Diagnóstico e Manejo Clínico, são para situações de:
– Presença de sinais de alarme ou de choque, sangramento grave ou comprometimento grave de órgão;
– Recusa à ingestão de alimentos e líquidos.
– Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros sinais de gravidade.
– Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde por condições clínicas ou sociais.
– Comorbidades descompensadas ou de difícil controle, como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de dicumarínicos, crise asmática e anemia falciforme.
– Outras situações a critério clínico.
Dados da Secretaria de Saúde mostram que 133 pessoas precisaram ser internadas desde janeiro deste ano, das quais 124 já tiveram alta, o equivalente a apenas 2,2% dos 6.025 casos registrados no Painel Interativo de Arboviroses até a quarta-feira, 21 de fevereiro.
Vale destacar que este aumento de internações não excedeu a capacidade do sistema de saúde público. Ele está preparado para lidar com essa demanda adicional sem impactar em outros procedimentos hospitalares.
Dados até 1º quinzena de fevereiro
2015 – 43
2016 – 8
2017 – 4
2018 – 2
2019 – 14
2020 – 18
2021 – 5
2022 – 10
2023 – 6
2024 – 104 (133 até 21 de fevereiro)
% de hospitalizações
2015 – 0,3%
2016 – 0,5%
2017 – 5,9%
2018 – 5,3%
2019 – 1,1%
2020 – 1,5%
2021 – 2%
2022 – 2%
2023 – 1,7%
2024 (até 21 de fevereiro) – 2,2%
Por que aumentaram as internações?
O aumento das internações entre 1º de janeiro e 15 de fevereiro de 2024, no comparativo com o mesmo período de anos anteriores, ocorreu porque Campinas, além de estar em situação de epidemia, registra pela primeira vez na história a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue.
A circulação de mais de um sorotipo do vírus da dengue em uma área pode aumentar o risco de casos graves da doença, especialmente em áreas endêmicas onde as pessoas têm maior probabilidade de serem expostas a múltiplos sorotipos ao longo do tempo.
Houve ainda recomendação adicional do Ministério da Saúde, por meio da 6ª edição do guia sobre dengue, para que os pacientes que apresentarem risco de complicações tenham acompanhamento diferenciado e permaneçam, em alguns casos, por um período mínimo de 48 horas em leito de internação até a estabilização.
Como será a atualização das internações?
A Secretaria de Saúde esclarece que o painel de monitoramento mostra a porcentagem de casos que exigiram internação ao longo do ano e não fará atualização diária ou semanal sobre número de internações por dengue. As equipes neste momento estão dedicadas principalmente à prevenção, com ações diárias e mutirões para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, e assistência nos centros de saúde, onde 97,8% dos pacientes podem ser tratados.
Além disso, a internação é considerada rápida e, ao contrário do período de pandemia, não há reflexos significativos sobre ocupação de leitos nos hospitais. A Pasta fará novas divulgações para informar a população quando houver aumentos expressivos de casos.
Nesta semana, a Saúde reforçou a orientação para que moradores que apresentarem febre busquem imediatamente uma unidade básica para atendimento e orientações.
Já quem apresentar tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos – nos casos de suspeita de dengue com febre ou de doença confirmada – deve buscar por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.