Defesa civil de Campinas presta apoio na retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba

Jéssica Fagnano
Jéssica Fagnano
Jornalista, 32 anos.
Foto: Jair Leite

A Defesa civil de Campinas está prestando apoio na retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba, desde este domingo, 21. Os agentes devem continuar em São Pedro até o dia de hoje.

De acordo com o diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, há dois drones e cinco agentes da cidade para ajudar na retirada dos peixes mortos.

Além de Campinas, Santa Bárbara d’Oeste também está prestando apoio para reforçar as equipes de Piracicaba e São Pedro. Esta ação é uma iniciativa da Defesa Civil do estado de São Paulo, coordenada pela Polícia Ambiental e visa mitigar os impactos ambientais na região com a retirada de cardumes mortos.

O caso

O Rio Piracicaba vive a tragédia ambiental desde o começo de julho, situação que tem afetado principalmente quem depende da pesca para sustentar a família. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a mortandade aconteceu por conta de poluentes agroindustriais despejados irregularmente por uma usina de açúcar e álcool que fica na cidade de Rio das Pedras.

Os resíduos foram lançados no Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Rio Piracicaba. O despejo irregular foi interrompido ainda na semana retrasada.

A tragédia no minipantanal, que é uma área de proteção ambiental, é a segunda grande ocorrência no Rio Piracicaba desde o dia 7 de julho. Pra se ter uma ideia, a usina de açúcar de onde o resíduo industrial que causou toda mortandade, foi despejado, fica a cerca de 60 quilômetros do trecho do rio onde há o maior numero de peixes mortos.

O Tanquã surgiu nos anos 60, quando a usina hidrelétrica Barra Bonita foi construída na foz do rio Piracicaba. Os últimos quilômetros do rio acabaram adentrando as margens e formaram uma área de remanso. No local, já foram registradas mais de 400 espécies diferentes da fauna e da flora.

Resultado do laudo

O laudo técnico sobre o desastre que resultou na morte de toneladas de peixes no Rio Piracicaba e na área de proteção ambiental Tanquã foi concluído na última sexta-feira, 19.

A multa definida pela Cetesb, que vai ser aplicada à Usina São José, é de 18 milhões de reais. Agravantes como omissão sobre o extravasamento de substância poluidora e o fato de o Tanquã ser uma área de preservação ambiental aumentaram o valor da penalidade.

Além da multa, a maior por esse motivo aplicada na cidade e uma das maiores do estado nos últimos dez anos, o órgão também vai estabelecer exigências técnicas por parte da usina de Rio das Pedras. A Cetesb afirma que identificou uma relação direta entre o extravasamento de resíduos industriais, que continham mel de cana de açúcar, e os dois episódios que causaram a morte de 233 mil peixes de várias espécies no rio piracicaba. Durante as investigações, foi constatada uma mancha de efluentes contaminados saindo da empresa em direção ao ribeirão.

Independente do valor da multa aplicada aos responsáveis, a recuperação da população de peixes no Rio Piracicaba depois dos dois episódios de mortandade registrados nos últimos dias pode demorar mais de dez anos para acontecer. Foi sugerido ao ministério público que parte da quantia paga pela usina seja revertida em melhorias no próprio Rio Piracicaba.

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