Explosão de pedidos no INSS: Campinas vê aumento de 116% em cinco anos

Sede do INSS no Centro de Campinas. Aumento no atendimento de 116% em cinco anos. Foto: Reprodução.

O número de requerimentos de benefícios junto ao INSS em Campinas mais que dobrou nos últimos cinco anos. Em 2020, foram registrados 32.228 pedidos; em 2024, esse número saltou para 69.810 – um crescimento de 116%. A maioria das solicitações tem como foco o auxílio por incapacidade temporária, responsável por mais da metade dos casos no último ano.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o aumento está relacionado a diversos fatores, como a instabilidade no funcionamento do próprio Instituto Nacional do Seguro Social, paralisações de servidores e peritos, mudanças legislativas e impactos econômicos que ampliaram a vulnerabilidade dos trabalhadores.

De acordo com os dados, o auxílio por incapacidade temporária – benefício solicitado após 15 dias de afastamento do trabalho – representa 55,8% dos pedidos realizados em 2024 em Campinas. Foram 39.014 solicitações dessa modalidade, contra 7.969 de aposentadoria por idade e 5.616 por tempo de contribuição.

O cenário reflete um problema nacional. Em nota, o INSS afirmou que o aumento de pedidos é observado em todo o Brasil, com destaque para os efeitos da greve dos servidores, que durou 114 dias no ano passado, e da paralisação dos peritos médicos, que já se arrasta há mais de seis meses. Além disso, a exigência de biometria para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) também gerou represamento de análises. “Atualizações tecnológicas e mudanças nos sistemas podem, inicialmente, gerar atrasos até que se ajustem aos objetivos de agilidade”, informou o órgão.

Apesar da alta demanda, o tempo médio de espera para a concessão dos benefícios caiu em Campinas. Em 2020, o prazo era de 61 dias. Em 2024, a média foi de 40 dias — abaixo do limite legal de 45 dias estabelecido para conclusão dos atendimentos. Atualmente, 6.400 requerimentos seguem em análise na cidade.

Especialistas alertam que muitos dos entraves enfrentados pelos segurados decorrem de erros no momento do pedido. Entre os mais comuns estão a falta de documentos médicos atualizados, inconsistências nas informações e o não preenchimento correto dos formulários. “É fundamental apresentar laudos recentes, com o CID da doença e o tempo estimado de afastamento. Qualquer lacuna pode levar à negativa”, explica a advogada previdenciária Mariana Oliveira.

Para quem já está com o processo em análise e enfrenta demora, a orientação é verificar a situação do pedido pelo aplicativo Meu INSS e, se necessário, registrar uma reclamação na Ouvidoria. Também é possível acionar a Justiça Federal nos casos de demora excessiva ou negativas consideradas indevidas.

Se o benefício for negado, é possível recorrer. “O primeiro passo é entender o motivo da negativa. Com base nisso, o segurado pode apresentar recurso administrativo dentro do prazo de 30 dias ou, dependendo do caso, buscar o Judiciário com o apoio de um advogado especializado”, completa Mariana.

O cenário aponta para uma tendência de maior judicialização da seguridade social e reforça a importância de orientação adequada. Com planejamento e documentação correta, o processo pode ser mais rápido e eficaz, reduzindo o impacto sobre quem depende da renda do INSS para sobreviver.

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