“A busca pelo respeito e não violência é o que nos move”. A médica ginecologista Claudia Helena de Oliveira Rego conhece a rede pública de saúde em Campinas há 30 anos e metade da experiência foi dedicada à assistência da população transexual. Com propósito de combater o desconhecimento e a discriminação, ela participou da organização da Cartilha em saúde trans, travesti e não binária: “Caminhos nada suaves”, finalista do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024, na categoria Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social.
“Fui testemunha da dificuldade dessa população em ter acesso ao cuidado em saúde. Em parte pelo preconceito e parte pela desinformação dos profissionais de saúde”, alertou a médica que trabalha no Ambulatório Transcender, centro de referência para cuidado integral da saúde da população transexual criado em 2020 pela Prefeitura no Centro de Saúde (CS) Santos Dumont.
No ano passado, o ambulatório registrou recorde de atendimentos. Veja detalhes sobre o serviço em: https://campinas.sp.gov.br/noticias/101534/dia-da-visibilidade-trans-ambulatorio-transcender-tem-recorde-de-assistencia.
Quem participou?
A cartilha foi elaborada por meio de uma parceria entre uma série de autores, entre eles profissionais da área de saúde e usuários do SUS Municipal. Já a organização foi feita em conjunto por Cláudia e dois pesquisadores da pós-graduação em Saúde Coletiva da Unicamp: o psicólogo Jonathas Justino, mantenedor da Casa Sem Preconceito, e a filósofa Leila Dumaresq, conselheira municipal de Saúde.
A coordenação foi feita pelo professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp Sérgio Resende Carvalho.
Onde ler?
O material está disponível para consulta no site da Prefeitura: https://portal-api.campinas.sp.gov.br/sites/default/files/secretarias/arquivos-avulsos/125/2024/06/28-155943/Cartilha_Saude_Trans_Travesti_Nao_Binaria.pdf.
Premiação
Ao todo, 1.953 trabalhos foram inscritos no Jabuti Acadêmico em 29 categorias e cada uma delas tem cinco finalistas. A cerimônia de entrega da premiação será em 6 de agosto, e os autores vencedores de cada trabalho recebem estatueta e prêmio em dinheiro.
“A cartilha foi feita a partir da perspectiva trans, tendo como princípio ético o ‘nada sobre nós sem nós’. Usuários do SUS de Campinas fizeram um levantamento dos temas que eles entendem como relevantes para a qualificação da saúde”, explicou Claudia ao comentar que ela e os dois amigos participaram de um projeto da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), o que possibilitou a transformação de um sonho coletivo em realidade.
“Ser finalista já é uma grande vitória, muita gente se empenhou para que a cartilha saísse”, falou a médica ao celebrar a indicação ao Prêmio Jabuti Acadêmico.
O Prêmio Jabuti, em site oficial, destaca que o prêmio Acadêmico contempla obras que “desempenham um papel fundamental no avanço do conhecimento, no aprimoramento das práticas profissionais e no estímulo à inovação”.