A rivalidade entre Guarani e Ponte Preta transcende as quatro linhas do gramado. Mas isso não é bem uma novidade. Quem conhece minimamente a história deste clássico sabe que o duelo entre os dois começa semana antes do apito do árbitro.
O próximo Dérbi já tem data e horário marcados pela Confederação Brasileira de Futebol, a CBF: dia 1ª de setembro, sexta-feira, às 21h30, no Brinco de Ouro, casa – também conhecida como ‘taba’ – do Guarani.
É aí que está o problema.
A decisão da CBF não agradou em nada os torcedores bugrinos, que esperavam que o clássico acontecesse em um final de semana. Mais precisamente no horário nobre do futebol brasileiro: domingo às 16h.
O horário das 21h30 é inédito na história do duelo. Mas antes de continuar, é bom ressaltar que todo jornalista possui um alto índice de curiosidade. Por isso, pesquisei no espetacular acervo do historiador bugrino José Ricardo Mariolani os horários dos outros confrontos entre Guarani e Ponte Preta.
De fato, duas partidas foram realizadas recentemente neste horário. A primeira no dia seis de outubro de 2020, uma terça-feira, no Moisés Lucarelli, pela Série B. Na oportunidade, a Macaca venceu por 2 a 0. No ano seguinte, no dia 17 de setembro, sexta-feira, também no Majestoso, o jogo terminou empatado em 0 a 0. Ambas as partidas ocorreram durante a pandemia da COVID-19. Ou seja, com portões fechados.
Se levarmos em consideração os duelos com a presença dos torcedores nas arquibancadas, o horário das 21h30 é algo inédito. Talvez por isso, tamanha insatisfação por parte do lado alviverde de Campinas. Lembra que eu disse mais acima que a rivalidade transcende o jogo por si só? Pois bem. Existe o Dérbi do público presente no estádio em… um Dérbi! Tudo vira competição.
No primeiro turno, o clássico foi realizado em um domingo, às 18h, no Moisés Lucarelli. Horário considerado bom pelos torcedores. O jogo terminou empatado em 1 a 1. Mais de 11 mil pessoas acompanharam a partida. O mínimo que os torcedores do Guarani esperavam era que a partida do returno, no Brinco, também fosse em um ‘bom horário’. Isto é, pelo menos no sábado ou no domingo. Assim, a disputa pelo melhor público seria mais justa.
A princípio, isso não deve ocorrer e o lado bugrino do clássico vai precisar se mobilizar para levar um bom público numa sexta-feira à noite. Da minha parte, tenho certeza que isso vai acontecer. O Guarani está bem no campeonato e, se tudo caminhar conforme o planejado pelo técnico Umberto Louzer, o Alviverde deve entrar em campo para o clássico como um dos integrantes do G4. Se isso acontecer, o Bugre coloca mais de dez mil torcedores no Brinco com certa facilidade.
O ponto negativo disso tudo é a desvalorização de um clássico do tamanho do Dérbi campineiro. Já não basta a determinação de torcida única, que ofusca o brilho da festa. Jogo em um dia de semana, às 21h30, é um desrespeito com a história do clássico. O Dérbi é a celebração do futebol de Campinas. E quem torce por Ponte Preta ou Guarani tem o direito de poder comparecer ao estádio em uma partida como essa. Infelizmente, desta vez, muitos ficarão de fora. Quem perde é o clássico.