As obras de restauração do Mercado Municipal de Campinas, conhecido como Mercadão, foram concluídas após uma série de atrasos no cronograma e revisões no orçamento inicial. A entrega da reforma foi feita neste mês de julho, mas a reabertura ao público ainda não tem data definida, já que a liberação depende da finalização das obras internas nos boxes dos comerciantes.
O projeto de revitalização foi iniciado oficialmente em julho de 2023, com previsão inicial de término em 12 meses. A proposta fazia parte do plano de metas para os primeiros 100 dias do segundo mandato da atual gestão municipal, mas a entrega foi adiada diversas vezes. A reforma deveria ter sido concluída até abril de 2024, depois até junho, porém só foi finalizada em julho de 2025.
Inicialmente orçada em R$ 6,1 milhões, a obra teve o custo final reajustado para R$ 8,5 milhões. A ampliação do prazo e dos gastos foi atribuída à complexidade da estrutura, um edifício centenário tombado com histórico de alagamentos e fragilidade em seu solo, localizado em uma área considerada de brejo.
Durante a execução, parte dos trabalhos precisou ser revista para contemplar drenagem, reforço estrutural, melhorias no mezanino e restauração de elementos arquitetônicos originais. Apesar da conclusão da reforma estrutural, a maior parte das lojas ainda está fechada, já que os permissionários são responsáveis por adequar individualmente seus espaços internos.
Reforma preservou características originais
O projeto foi executado pela empresa RJC Sinalização Urbana Ltda., sob gestão da Secretaria Municipal de Infraestrutura. Como o prédio é tombado, a intervenção exigiu cuidados específicos para garantir a preservação das características históricas e arquitetônicas originais. Foram feitas melhorias tanto na parte interna quanto externa do edifício, respeitando as exigências dos órgãos de preservação.
Entre as mudanças, destaca-se a implantação de um mezanino, que abrigará dois novos restaurantes, e a padronização dos 101 boxes internos, além de melhorias nas instalações elétricas, hidráulicas, de esgoto, gás e telecomunicações. A estrutura ganhou ainda novos banheiros, elevadores, iluminação decorativa externa, novo telhado e piso, além de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas.
A fachada foi restaurada, o gradil de proteção foi renovado, e os vitrais originais foram mantidos, com reposição apenas das peças danificadas. A iluminação noturna instalada na parte externa permitirá que o local tenha vida ativa também fora do horário comercial.
A única pendência da revitalização está relacionada às janelas de ventilação, posicionadas próximas à cobertura do prédio. A prefeitura informou que ainda estuda soluções técnicas que preservem as características arquitetônicas originais do imóvel, que é tombado pelo patrimônio histórico.
Patrimônio cultural da cidade
O Mercado Municipal é um dos principais pontos comerciais e culturais de Campinas, com mais de 100 anos de história. Além de funcionar como polo de abastecimento, o local é também um dos destinos turísticos mais tradicionais da cidade.
Projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, o Mercadão foi inaugurado em 1908 e inicialmente serviu como armazém de estocagem de mercadorias transportadas pela ferrovia. O prédio tem arquitetura de influência mourisca e é tombado desde 1983 pelo Condephaat (órgão estadual) e desde 2015 pelo Condepacc (órgão municipal).
Com uma área de 1.550 metros quadrados, o espaço abriga tradicionalmente peixarias, açougues, lanchonetes, pastelarias, hortifrutis, lojas de doces, especiarias e artigos religiosos, entre outros. Em dias normais de funcionamento, o Mercadão recebe cerca de 8 mil pessoas por dia, sendo um dos principais pontos de abastecimento e turismo gastronômico da cidade.
A nova data para a reabertura oficial do Mercadão ao público dependerá da conclusão das reformas nos boxes e de alinhamentos com os permissionários. Um evento de reinauguração está previsto, mas ainda sem confirmação.







