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Usina multada em R$ 18 milhões por morte de peixes no rio Piracicaba retoma atividades

Cetesb reestabeleceu a licença de funcionamento de usina responsabilizada por despejo de melaço que causou tragédia ambiental em Piracicaba

Reprodução: Jair Leite

A Usina São José S/A Açúcar e Álcool, multada em R$ 18 milhões por causar um dos maiores desastres ambientais já registrados em Piracicaba, voltou a operar após aprovação de um plano de adequações pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) no começo desta semana.

A retomada das atividades ocorreu cerca de um ano após o vazamento de melaço no ribeirão Tijuco Preto, afluente do rio Piracicaba, que resultou na morte de mais de 20 toneladas de peixes, especialmente na região do Tanquã, conhecida como o “mini Pantanal paulista”. O episódio causou sérios impactos à fauna aquática, comprometeu o sustento de comunidades pesqueiras e afetou o turismo ecológico local.

A liberação das operações se deu após a conclusão de reformas estruturais e operacionais na planta industrial da empresa, como substituição de tubulações, instalação de medidores, construção de um novo sistema de tratamento de efluentes e mudanças nos processos internos. Todas as medidas foram submetidas à análise técnica e validadas pela Cetesb.

Apesar do retorno das atividades, a empresa continua sendo responsabilizada pelos danos causados e terá de cumprir medidas de reparação ambiental. Uma reunião com o Ministério Público Estadual (Gaema-PCJ), prevista para agosto, deve definir o conjunto de ações a serem adotadas.

Além da multa milionária, aplicada por falha na comunicação do acidente e ausência de notificação sobre o retorno das operações no primeiro semestre de 2024, a Cetesb também indeferiu todos os recursos administrativos apresentados pela usina.


Tragédia ambiental

A mortandade dos peixes foi registrada entre os dias 7 e 15 de julho de 2024. Segundo análises técnicas, a substância despejada era melaço de cana-de-açúcar, com alto potencial de desoxigenação da água. No local mais afetado, a concentração de oxigênio na água ficou abaixo de 1 mg/l, quando o ideal seria acima de 5 mg/l.

Na época, moradores relataram forte odor, água escura e uma espécie de tapete formado por peixes mortos boiando. A prefeitura de Piracicaba contratou emergencialmente uma empresa especializada para realizar a limpeza.

A estimativa é de que o repovoamento da fauna aquática da região leve pelo menos dez anos. Segundo o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida (PP), as comunidades ribeirinhas devem receber apoio financeiro de programas públicos para compensar as perdas econômicas com pesca e turismo.


Monitoramento contínuo

Após o caso, a Cetesb instalou uma nova sonda automática de monitoramento em tempo real da qualidade da água no rio Piracicaba, como forma de reforçar a fiscalização na região. O órgão também afirmou que acompanhará de perto o cumprimento do plano de recuperação ambiental por parte da usina.

A empresa, por sua vez, continua contestando o nexo entre suas atividades e a mortandade dos peixes. Em nota, afirmou que outros pontos de poluição foram ignorados nas investigações e que colabora com as autoridades para esclarecer os fatos.

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