O estádio dever ser uma marca na capital da República. Não importa quanto possa custar. A população paga os impostos para serem usados e nada melhor do que prestigiar com eles o esporte mais popular do Brasil. O presidente e os partidos políticos sabem que podem auferir vantagens eleitorais nas próximas eleições. Há oposição ao projeto e à localização do estádio. Mas é muito fraca, pois os opositores entendem que se baterem de frente com o entendimento popular não serão eleitos. E deputados e senadores, desde o primeiro dia do mandato, não pensam em outra coisa senão na reeleição.
O povo com bandeiras, faixas, cartazes, camisetas quer ver o seu time predileto, ou a seleção mais poderosa do mundo, fazer gols e vencer sempre. A terra do futebol, dos melhores jogadores do mundo, da imprensa esportiva nacionalista e eufórica merece um estádio grandioso, que se torne um símbolo universal. O custo estimado é de um bilhão de reais. Muito pouco por tanto retorno político.
Todo governo sabe que Copa do Mundo é um filão eleitoral poderoso. E o Brasil sediar a Copa é uma oportunidade rara. Não se pode deixar escapar essa oportunidade de mexer com o inconsciente coletivo da população e transformá-lo em votos. Mas para isso é preciso um estádio grandioso, um monumento ao esporte mais praticado no país e que esteja pronto para a partida que dá início ao campeonato mundial.
O Poder Executivo não poupa esforços, arregimenta arquitetos e engenheiros, busca no fundo do baú verbas para custear a obra, ainda que esse dinheiro possa fazer falta nos planos de educação e saúde. O que importa é ter o brasileiro feliz, com a camiseta amarelinha do selecionado, as ruas engalanadas de verde e amarelo e os bares alegres com músicas alusivas à seleção e aos jogadores mais conhecidos e prestigiados dos times brasileiros. Tudo impulsionado pela cerveja, muita cerveja, eleita como o refrigerante nacional. Estupidamente gelada.
Onde dever ser construído o “maior estádio do mundo”? Urbanistas querem que seja fora do centro da cidade, para que sirva como um polo agregador do crescimento urbano para o Rio de Janeiro. Vereadores, capitaneados por Ary Barroso, querem-no próximo ao centro da cidade, na beirada do córrego do Maracanã. Há uma verdadeira batalha do estádio. Nem os deuses gregos imaginaram tanto. A pedra fundamental do Estádio do Maracanã é lançada em 1948, sob a presidência de Gaspar Dutra. O jogo de estreia, com capacidade para 200 mil pessoas, reúne as seleções arquirrivais paulista e carioca. O genial botafoguense Didi faz o estádio vir abaixo quando marca o primeiro gol carioca com uma “folha seca”. A bola faz uma parábola e vai parar no fundo do gol paulista. A reação é imediata e a partida termina com a vitória bandeirante por 3 a 2. Didi não jogou na Copa e não sentiu a desilusão quando a seleção