Mulheres têm seis vezes mais chances de serem abandonadas após a descoberta de uma doença

Preta Gil e Rogério Godoy (Reprodução/Instagram)

Na última terça-feira (18), o nome da cantora Preta Gil foi um dos mais comentados na internet e estava nos Trendings Topics do Twitter, após diversos sites noticiarem o término do seu casamento com Rodrigo Godoy. Muitos sites noticiaram vários detalhes sobre a separação que teria sido resultado de uma traição. Preta Gil se pronunciou por meio de uma nota, em que conta ter acordado numa “espécie de pesadelo” ao ver as fofocas que saíram na mídia a seu respeito. Preta não negou a separação, mas negou alguns boatos, como a informação de que ela teria colocado um rastreador no carro do então marido.

O que mais chamou a atenção dos internautas e dos fãs foi justamente o fato da separação acontecer enquanto Preta enfrenta o momento mais difícil de sua vida – ela está em tratamento de um câncer e quase morreu de sepsemia recentemente. Preta pediu que os fãs a ajudassem a se proteger “de toda essa nojeira”, e pediu paz para conseguir se curar.

Poderia ser uma de nós

Infelizmente, não são exceção os casos em que os homens deixam o relacionamento quando suas parceiras estão em tratamento de doenças graves, seja porque se envolvem com outras mulheres ou porque não conseguem lidar com os altos e baixos que uma doença traz. Uma pesquisa realizada pelas universidades de Stanford e Utah e pelo Centro de Pesquisa Seattle Cancer Care Alliance, todos dos Estados Unidos, mostrou que as mulheres têm seis vezes mais chances de serem abandonadas pelo marido após a descoberta de uma doença grave. Eles analisaram a vida de 515 homens e mulheres com câncer ou esclerose múltipla, e notaram que o índice de separação e divórcio quando a mulher era a doente ficava na casa dos 20,8%. E no caso dos homens doentes em tratamento, apenas 3% das mulheres deixavam o relacionamento.

Em entrevista ao Mulher 4.0, apresentado todos os dias pelas jornalistas Michelle Trombelli e Aline Dini, a psicóloga Rita Callegari diz que essa situação é o reflexo de uma construção biológica, mas principalmente social: “muitas vezes, as próprias mulheres se acostumam a não reivindicar esse cuidado. Por outro lado, precisamos estimular a cultura, a criação de nossos meninos, de que todos devem cuidar e isso não é exclusivo das mulheres”. A especialista ainda destaca que é preciso ser “muito forte” para cuidar de alguém.

De acordo com uma pesquisa recente realizada pela organização Plan com crianças de cinco estados brasileiros, 81,4% das meninas arrumam a própria cama, enquanto entre os meninos a atividade só é realizada por 11,6%; 76,8% delas lavam a louça e 65,6% limpam a casa, enquanto só 12,5% dos irmãos lavam a louça e 11,4% limpam a casa. Também cabe às meninas cuidar dos irmãos menores quando os pais trabalham, perdendo um tempo que seria destinado a brincar ou estudar. Todos esses dados deixam claro o papel da mulher como cuidadora, o que influencia também nas decisões da vida adulta e contribui para que a própria mulher se veja como responsável por tudo e todos.

Confira a reportagem de Aline Dini, no programa Mulher 4.0:

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