Quem me mostrou a filmografia do paraibano Vladimir Carvalho foi João Carlos Beltrão, no comecinho da década de 1990. Vem daí, inclusive, meu interesse pelo estudo cinematográfico e a minha cinefilia.
Tudo infuência de João Carlos e das muitas visitas ao Núcleo de Documentação Cinematográfica da UFPB, onde eu cursava a graduação em Jornalismo naqueles verdes anos. Éramos felizes e sabíamos!
Foi no Nudoc que eu assisti a grandes documentários de Vladimir, como ‘Romeiros da Guia’ (1962), ‘A bolandeira’ (1967), ‘O País de São Saruê’ (1971), ‘A pedra da riqueza’ (1976) e ‘Conterrâneos velhos de guerra’ (1991).
À época, conhecia Vladimir (radicado em Brasília-DF) somente de nome e obra. Alguns anos mais tarde tive a oportunidade de trocar palavras – em uma de suas vindas ao Estado da Paraíba. Trocamos ideias. Pude entrevistá-lo (inclusive em uma live durante a pandemia) e, claro, tietar!
Mas somente quando de sua última participação no XVIII Fest Aruanda (festival de cinema em João Pessoa), em 2023, pude dizer a ele a respeito da expressão que usava quando seu nome era o foco da conversa entre amigos cinéfilos: ‘Vladimir é um príncipe!’.
Eu dizia sempre isso. Força, poesia e polidez de ruma em apenas uma pessoa! Contei a Vladimir e ele sorriu agradecendo. Eu disse ainda que só conhecia dois príncipes: ele e Paulinho da Viola.
Vladimir riu e me disse: “agora fiquei ainda mais contente com o elogio. Muito obrigado!”. Hoje faz um ano do falecimento do maior documentarista do Brasil. Bateu uma saudade de sua energia contagiante e de seu sorriso acolhedor.
Cineasta de extrema força e com conteúdos libertadores e revolucionários, Vladimir Carvalho mostrou que é preciso endurecer frente à opressão, mas tratou de nunca perder os sonhos e a ternura.
A fala doce e pausada e articulada contando mil histórias e percepções aquilinas, com capacidade reflexiva ímpar. Mais que sempre, é preciso conhecer a filmografia de Vladimir. Documentários realizados, principalmente, na Paraíba e em Brasília.
A obra do cineasta paraibano segue necessária e fundamental para compreender o Brasil. Uma filmografia com assinatura de quem exercita o saber e a reflexão e a poesia (nas palavras e nas imagens). Vladimir vive!!!



