Um mês antes de ser morto após ser atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa, o jovem Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, teve sua internação psiquiátrica determinada pela Justiça. A decisão, assinada pelo juiz Rodrigo Maques Silva Lima, da 6ª Vara Criminal, foi tomada no final de outubro devido a preocupações com sua segurança e comportamento, mas só foi publicada oficialmente nesta segunda-feira (1º), um dia após sua morte trágica.
Segundo a decisão, Gerson deveria ser internado em hospital para tratamento psiquiátrico ou em outro estabelecimento adequado. O caso citado no processo envolve a prisão do jovem em janeiro, após ele danificar o Centro Educacional de Adolescentes (CEA). Na sentença, o juiz destacou que Gerson “mediante vontade livre e consciente deteriorou o portão do referido local”, sendo necessário o uso de spray de pimenta para contê-lo devido ao “comportamento agressivo e desequilibrado” apresentado.
A sentença ainda ressaltou que o “Vaqueirinho” era “inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato e de se determinar de acordo com esse entendimento, devido ao quadro de esquizofrenia com sintomas psicóticos ativos”.
No dia 30 de outubro, o magistrado determinou a expedição da “Guia de Internação e Execução da Medida de Segurança”, para que Gerson de Melo fosse imediatamente encaminhado ao hospital ou a outro estabelecimento adequado, sob a supervisão do Juízo da Execução Penal “buscando-se a modalidade de tratamento mais adequada e menos invasiva, sempre priorizando os cuidados em meio aberto, priorizando-se o tratamento de saúde em detrimento do encarceramento”.
Ainda conforme o texto, a aplicação da medida de segurança não seria definitiva. O jovem deveria ser “acompanhado por uma equipe de saúde e, a depender do resultado, poderá ter a internação convertida em tratamento ambulatorial ou a medida ser extinta”.
Mas não houve tempo para a medida ser cumprida. No domingo (30), Gerson de Melo Machado morreu após entrar no recinto da leoa Leona, na Bica, em João Pessoa. Ele escalou uma parede de mais de seis metros, ultrapassou grades de proteção e utilizou uma árvore como apoio para acessar o espaço do animal, sendo atacado pelo felino em seguida. A invasão foi presenciada por visitantes, que registraram o momento em vídeos que repercutiram nas redes sociais.
Após o ataque, o Parque Zoobotânico foi fechado e as visitas estão suspensas. Ainda não há previsão para a reabertura, enquanto a administração avalia medidas de segurança e aguarda a conclusão das investigações sobre o incidente.
