Um protocolo para cicatrização rápida de feridas adotado pelo Hospital do Servidor General Edson Ramalho (HSGER), em João Pessoa, reduz o período de internação em até dois meses ao combinar curativos regenerativos e suplementação alimentar. A iniciativa da Comissão de Pele e da equipe de Nutrição utiliza materiais capazes de restaurar a pele e pode substituir procedimentos cirúrgicos em casos específicos.
A coordenadora da Comissão de Pele, Jussara Fernandes, explica que as coberturas aplicadas nos curativos favorecem a regeneração e têm uso frequente em pacientes com Síndrome de Fournier, infecção que atinge tecidos moles da região perineal. O protocolo também é aplicado em situações de úlceras venosas, arteriais ou mistas, pioderma gangrenoso e lesões por pressão. “A cobertura que usamos é rica na regeneração do corpo sistêmico. É como se fosse uma pele sobre a pele humana, então, é muito útil para os pacientes que perdem parte ou totalmente a pele. O uso dessa película pode substituir enxerto e sanar a necessidade de cirurgia”, relata.
Ela cita o caso de um paciente que, após cirurgia de hérnia, teve abertura de ferida no pós-operatório. “A Comissão de Pele conseguiu fechar a ferida apenas com curativo, sem necessidade de nova cirurgia”, afirma. O coordenador da Nutrição, Felipe Lundgren, destaca que o protocolo inclui dieta reforçada. “Temos suplemento hiperproteico com aminoácido arginina, fundamental para a cicatrização. O paciente recebe alta bem antes, liberando o leito para outro paciente e reduzindo custos”, informa.
As equipes assistenciais do HSGER passam por capacitações permanentes. Na semana anterior houve treinamento sobre curativos regenerativos e, nesta semana, sobre uso de bolsas de colostomia e fístulas. A Comissão de Pele realiza mais de 30 atendimentos diários entre ambulatório e internações, com maior demanda de casos relacionados a diabetes, problemas vasculares e síndrome de Fournier.
Segundo Jussara Fernandes, o atendimento ocorre em todos os setores que possuem pacientes com feridas, da Maternidade à UTI, além do Ambulatório de Feridas e do Ambulatório de Cirurgia Vascular. A equipe também emite pareceres técnicos que auxiliam médicos na definição da alta hospitalar. “É muito comum atendermos pacientes com pé diabético e feridas vasculogênicas. Tivemos uma paciente com quadro crítico que conseguiu se recuperar, foi transferida da UTI para a enfermaria e iniciamos os cuidados com debridação e curativos para contenção de sangramento”, relata.
A coordenadora observa que muitos pacientes diabéticos chegam ao hospital com feridas agravadas pela falta de circulação. Ela cita o caso de um homem que tratou uma úlcera vasculogênica por três anos em outra cidade sem melhora. “A avaliação vascular indicou risco de amputação. O pé estava infeccionado e sem circulação. Realizamos limpeza cirúrgica e curativos e conseguimos fechar a ferida em três meses”, explica. Nem todos os desfechos, porém, são positivos. Por conta do descontrole glicêmico, a infecção pode avançar entre os dedos e causar perda de membros. Em alguns casos, há amputação de mais de um dedo ou de todo o pé.
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