Os brasileiros já sentiram os primeiros impactos do conflito entre russos e ucranianos, quando ao abastecer seus veículos, foram surpreendidos com um aumento significativo dos combustíveis. Há um velho ditado, “nada á tão ruim que não possa piorar”, que pode caber, com certeza, na continuidade da guerra. Rússia e Ucrânia são exportadores de produtos fundamentais tanto para energia, alimentação e industrialização no planeta. Os efeitos da carência de tais matérias primas podem convulsionar ainda mais um mercado maculado por uma pós pandemia, cujas economias viveram quedas inomináveis.
A globalização produziu uma sofisticada cadeia de dependência entre as nações, de maneira tal que ninguém passa incólume a qualquer abalo econômico, por menor que seja esse país. No campo energético, por exemplo, a Rússia é o terceiro maior fornecedor de petróleo do mundo. Um em cada dez barris do produto é russo. Com as sanções aplicadas e o corte na importação por empresas europeias e americanas, os outros países produtores não têm condições de suprir o mercado, já que a prospecção e produção não acontecem da noite para o dia. O resultado é o aumento contínuo e o risco do desabastecimento é grande. Para nós, brasileiros, o aumento do diesel vai representar aumento em quase toda cadeia produtiva, já que o modal de transporte brasileiro é quase todo por caminhões em rodovias.
Quando se trata de alimentação, o quadro catastrófico não difere. Rússia e Ucrânia são conhecidos como “celeiros da Europa” e representam, juntas, 29% da produção e exportação mundial de trigo e 19% de milho. Os dois produtos já apontam altas nos mercados futuros. É sempre bom lembrar que a Ucrânia é o maior produtor mundial de azeite de girassol. Trigo, milho e azeite de girassol são imprescindíveis para a indústria alimentícia e estão em produtos que fazem parte da mesa de quase toda população.
A indústria será outro setor amplamente afetado. A Rússia é um dos maiores fornecedores de metais, com ênfase nos alumínios, cobres e componentes automobilístico, sem contar aço, níquel, paládio e platina. É interessante notar também que, depois da Austrália e China, a Rússia é o terceiro produtor mundial de ouro. Por outro lado, a Ucrânia é um dos provedores de gases raros, purificados, como o criptônio e o neon, essenciais para a fabricação de semicondutores.
O fornecimento de gás russo para a Europa, não está associado apenas aos lares, como fonte de aquecimento, mas também à siderurgia, por exemplo. Desta forma, os produtos industrializados sofrerão cortes irreversíveis, podendo gerar desempregos. As soluções diplomáticas para o fim do conflito são urgentes para o equilíbrio econômico dos países.
Fonte: BBC News