Há muitas coisas, hoje, que podemos falar sobre a condição humana, no Brasil e no mundo. Pensadores, filósofos e escritores, pela vastidão do tempo, nos ofertaram suas ideias sobre nós, sobre nossa realidade, sobre o que nos forma, sobre nossas escolhas. Dentre todos esses textos, é importante conhecer o livro A Insustentável Leveza do Ser, do autor tcheco Milan Kundera, que completou 91 anos em abril. Mas, para falar sobre essa história, também é importante saber o que disse o filósofo alemão Nietzsche (1844-1900):
“A vida tornou-se leve, a mais leve, quando exigiu de mim o mais pesado.”
Na obra de Kundera, publicada em 1984, há quatro personagens com vidas e pensamentos opostos. Dois vivem o amor, o sexo, a política, o dia a dia de forma que só haja prazer, liberdade, “leveza”, praticamente sem responsabilidade. Outros dois querem se ligar à vida de maneira mais real, profunda, construir raízes, formar família, participar do que acontece lá fora, mesmo com todo o peso que isso implica. E não discuto aqui que escolhas são essas.
Para Nietzsche, os fatos de nossa vida se repetem, estão presos num ciclo. Vão e voltam. Por isso é importante que cada um assuma as rédeas do que acontece conosco, à nossa volta. Temos que participar do processo de nossa existência, não só assistir a ele, como espectadores, e receber um destino que parece ter sido escrito pelo sistema social.
Em palavras ainda mais simples: é preciso ser o autor da própria história.
Pelo que nos alertou Kundera, fica evidente que é insustentável levar a vida apenas com leveza. Há um peso da realidade a ser dividido entre todos nós. As coisas mais importantes, como nós mesmos dizemos, têm um peso diferente na nossa vida.
Numa analogia, numa comparação, também há o peso das diferentes opiniões que inundam as redes sociais, os lares, nossa cabeça, afetando o estado psicológico, emocional. Não temos tido leveza nisso. Os assuntos são profundos, graves.
Em outro artigo assinado aqui neste portal, escrevi que o diálogo foi inventado ou aprimorado pelos gregos, principalmente por Sócrates, para a evolução do ser humano, para ultrapassar a violência, para o autoconhecimento e a paz.
Dessa forma, não resta dúvida, é urgente valorizar aquilo que nos une, que nos aproxima como uma nação, como um povo, aquilo que nos assemelha, e não os aspectos que nos separam, que nos afastam, que nos distanciam. Isso está claro para mim.
A vida de todos nós brasileiros nunca foi fácil. Nada foi leve. Pelo contrário. Mas nossas palavras, neste momento, precisam construir uma estrada de harmonia, como mãos que se procuram, como os rios, que sempre se encontram. É sabendo lidar com os pesos da vida que vamos encontrar leveza. Não o que se tem como banal, mas aquilo que nos coloca em êxtase, num estado mais elevado, livre, dentro do que se entende claramente por amor.