De acordo com a história, o comportamento homoafetivo está presente na humanidade desde 12000 A.C. Desde então, muitos estudos se empenharam em compreender tal comportamento. Por um longo período, o desejo sexual por pessoas do mesmo sexo foi tido como uma doença, sendo denominada Homossexualismo. Porém, em 1990, o termo foi trocado por Homossexualidade e foi retirado da lista de distúrbios mentais.
Ao longo desse período de estudos sobre o comportamento homoafetivo, muitos tratamentos foram testados para a possível cura desse “desvio”, como eletrochoque, castração química, repressão, tratamento hormonal, pena de morte, criminalização, etc. Todos sem efeito científico comprovado. A comunidade científica atual não trata a homossexualidade como doença. Logo, por que teria cura? De acordo com a Resolução 01/99, não cabe a profissionais da Psicologia no Brasil o oferecimento de qualquer tipo de terapia de reversão sexual, uma vez que a homossexualidade não é considerada patologia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A Resolução 01/99 é compatível com a Constituição Federal, e explicita orientações normativas que já podiam ser inferidas da nossa Lei Fundamental, como os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da proibição de discriminações.
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) também aprovou nota de apoio à Resolução 01/99 do CFP. No documento, o colegiado destaca que o uso de terapias de reorientação sexual se configura como prática que afronta aos direitos humanos, pois reforça estigmas e aumenta o sofrimento das pessoas.
Neste sentido, se apoiar em discursos que sugerem tratamento para o comportamento homoafetivo é uma atitude que fere o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a Constituição Federal e o Conselho Nacional dos Direito Humanos.
A sexualidade é uma pulsão que está dentro de todos nós desde quando estamos na barriga da mãe, diz respeito a nossa relação com nosso corpo, que é mediada pela sensação de prazer e desprazer. A maneira como ela se desenvolve em cada um, é extremamente particular. Há estudos que procuram por uma causa genética que justifique a homossexualidade, porém, o que se sabe, é que a genética não define o destino de ninguém. Nós somos biopsicossociais, esta interação é incontestável. É preciso reconhecer o direito de sua própria sexualidade, assim como o dever de suportar o direito do outro da própria sexualidade.
É possível curar o sofrimento decorrente da egodistonia, trabalhando para que o indivíduo aceite sua sexualidade e pare de se reprimir e se condenar por isso. Por este ângulo, se um sujeito não concorda com a própria homossexualidade (porque os pais reprovam, porque se sente discriminado, por questões religiosas, por exemplo), os esforços não são para mudar a orientação sexual para aliviar o sofrimento, mas sim mudar o ambiente no qual ele vive e as ideias, conscientes ou inconscientes, que o impedem de admitir sua orientação sexual, de vive-la plenamente.