Vira e mexe vemos notícias sobre o aumento ou a queda da taxa Selic. De forma bem resumida, a Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é um sistema administrado pelo Banco Central em que são negociados títulos públicos federais. A taxa média registrada nas operações feitas diariamente nesse sistema equivale à taxa Selic. Ela representa os juros básicos da economia brasileira e seus movimentos influenciam todas as taxas de juros praticadas no país.
No início de maio, o Banco Central elevou a taxa em 0,75 pontos percentuais (p.p.) para 3,5% ao ano, sendo a segunda alta de 2021, aumento esse que vem ocorrendo desde o mês de março. Especialistas previam outro aumento no mês de junho após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a previsão se concretizou. A taxa passou para 4,25% e já tem novo aumento da mesma magnitude previsto para ser anunciado na próxima reunião.
Analisando de forma prática, quem são os mais impactados com essas movimentações e de que forma as oscilações da Selic influenciam no nosso dia a dia?
Esse sobe e desce da taxa abala diversos pontos da vida do brasileiro e na maioria das vezes a faixa da população mais atingida é a classe média. Podemos citar algumas áreas e situações em que essas variações causam grandes mudanças, uma delas é no crédito.
A Selic é uma referência para o custo das linhas de crédito em geral, sendo assim se ocorrer uma elevação a tendência é que empréstimos e financiamentos fiquem mais caros, por exemplo. Isso acontece pois, as instituições financeiras e bancos passam a cobrar juros mais altos por essas operações. Em caso de queda da taxa, o movimento é contrário, deixando os juros de créditos mais baratos.
Seguindo o raciocínio de alta, o consumo de itens do nosso cotidiano consequentemente também tende a cair, afinal os custos dos produtos e serviços aumentam. Sabe aqueles aumentos do combustível, do gás, da energia elétrica ou dos alimentos? Então, na maioria das vezes eles são causados pelo aumento da taxa.
E não para por aí, os aumentos da Selic também refletem na indústria, afinal as oscilações causam diminuição das atividades industriais, podendo por consequência gerar desemprego, afetando diretamente a renda per capita do brasileiro médio. De acordo com uma projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego pode chegar a 14,4% em fevereiro de 2021.
Outras classes de ativos também são afetadas, à exemplo da cotação dos minérios, ouro e prata, Imóveis, Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs), entre outros.
Uma frente que no geral se beneficia com a alta da Selic são os investimentos de renda fixa pós fixados. Esses rendimentos oferecem uma remuneração baseada em juros indexados à Selic, como por exemplo, os tradicionais Certificados de Depósito Bancários (CDBs) pós fixados emitidos pelos bancos ou as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), títulos pós-fixados emitidos pelo governo federal.