Por Letícia Depiro
A mãe de uma aluna da rede municipal de Educação de Ribeirão Preto registrou um boletim de ocorrência no qual afirma que a filha foi alvo de discriminação racista por parte de uma professora. O caso será investigado pela Secretaria de Educação da cidade e pela Polícia Civil.
O caso ocorreu na sexta feira (13) e envolveu uma aluna de dez anos, que é negra, na Escola Municipal Faustino Jarruche, em Ribeirão Preto. A menina teria sido chamada de “macaca” pela professora. A escola já investigou o caso, e chegou a emitir um relatório sobre o assunto no qual confirma a ocorrência da situação envolvendo a menor.
Segundo informações, a professora teria dito para a menina parar de rir, pois “parecia uma macaca”. A mãe, Priscila Daniele Moura, fez a denúncia no Programa Thathi Repórter, comandado pelo radialista Jairnei Capareli no Grupo Thathi. “A professora disse que ela parecia uma macaca rindo. Minha filha ficou traumatizada”, conta a mãe.
Desde então, segundo Priscila, a menina não frequentou mais a aula por se sentir constrangida. “Ela tem medo de que os colegas riam dela.” disse a mãe.
Outro lado
Após o ocorrido, no dia 17 de maio, a diretoria da escola emitiu um documento que foi entregue à mãe da menina no qual informa que o caso será investigado. A família, entretanto, procurou a Polícia Civil, onde registrou boletim de ocorrência.
“[a aluna] começou a rir e então a professora chamou a sua atenção e disse para ela parar de rir porque estava rindo como uma macaca. Nesse momento, todos os alunos riram, menos as duas, por serem amigas [da aluna]”, diz o documento, assinado pela diretora e pela coordenadora pedagógica da escola.
A família, entretanto, afirmou que não houve punição à professora e optou pelo registrar um boletim de ocorrência. “Depois que aconteceu, se passaram uma semana, eles me chamaram, eu vim, me pediram pra repetir tudo de novo e só.” alega.
Em nota, o secretário da Educação Felipe Elias Miguel, disse que o caso está sendo tratado com muita seriedade pela secretaria e que pode ser configurado situação de injúria racial, o que é uma falta grave. Ele também afirma que a equipe está em contato com a mãe da aluna para que a criança não deixe de frequentar a escola.
Análise
Segundo Marina Camargo, presidente da Comissão de Igualdade Racional da Ordem dos Advogados do Brasi (OAB) de Ribeirão Preto, a situação pode se configurar como crime de injúria racional. “Esse crime é afiançável e prevê prisão de reclusão até três anos, mais a multa. Ofende mais a honra da pessoa. Já o racismo é um crime mais abrangente. Um crime imprescritível, inafiançável e prevê uma reclusão de até cinco anos”, informou.
Ainda segundo ela, a menina passará por atendimento psicológico. “Eu conversei recentemente com a mãe e ela me informou que a criança está tendo acompanhamento psicológico, e ela tem previsão de voltar hoje ou amanhã para a escola. Ocorre que essa criança ela ainda acorda de madrugada, falando que se sente feia, que os alunos vão rir dela, e isso ocorre muito com pessoas negras no geral”, informou.