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Aos amigos e desafetos

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Acabo de ler um texto de um amigo escrevendo do outro que morreu e me bateu aquela vontade de escrever algo. Este descrevia os encontros, as risadas, os papos furados e a parceria. 

A gente vai envelhecendo e aprende a reclamar feito adolescente só que sempre reclamando do presente. 

Tenho pena dessa molecada escrava do celular que envelhece tão rápido achando ser Hype. Nada é mais sinônimo de envelhecer do que o isolacionismo

Eu sei, temos que tomar cuidado porque o saudosismo é uma espécie de crack existencial. Dar uma reclamada exaltando o passado é como se fosse um trago.

Contudo, às vezes a maturidade traz satisfação porque a gente aprende a ser grato, em alguns casos aprende a ser tolerante. 

Ser intolerante e preconceituoso depois de velho é a maior derrota que o sujeito pode assinar. 

Todavia, tem algo que me incomoda por esses tempos, a distância dos amigos, mas não pela falta de tempo ou pelo acúmulo de compromissos. É mais pela discordância de ideias e ideais, quase não encontro ninguém para debater aquela última música daquela banda nova, quase não encontro um amigo sequer que não fale carregando uma tonelada de culpa ou policiamento na felicidade do outro nos ombros. O mesmo preconceito intrínseco embalado com falso moralismo. 

O diabo é que todo mundo pensa em caixa de dois lados. Por isso os papos estão limitados há somente dois caminhos em tudo.

A gente troca o gozo pelo novo celular ou por aquele vídeo engraçado na rede que virou moda fugaz, a gente troca o abraço sincero  pelo emoji de coração no WhatsApp, a gente troca o aprendizado pelas falsas verdades que carregamos dentro daquela caixinha que eu já citei acima. Acredito que esta é a maneira mais fácil de trocar o viver pelo sobreviver. 

Mas não me iludo, sei que acabei de dar uma tragada no saudosismo. Por isso lembrei que quando eu ficava bêbado era legal ligar para os amigos do orelhão para trocar umas ideias e falar algumas bobagens.