Após violência em adega de Ribeirão Preto, SSP justifica ação excessiva e confirma investigação

“A instituição não tolera excessos ou desvios de conduta, punindo com rigor toda e qualquer irregularidade comprovada”, diz trecho de nota

Ação teria sido motivada por denúncia de perturbação e disparo de arma de fogo | Foto: Reprodução

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou, por meio de uma nota enviada ao jornalismo do Grupo Thathi, na manhã desta terça-feira (24), que investigará as ações excessivas de agentes da Polícia Militar durante um ato em uma adega no bairro Parque Ribeirão, em Ribeirão Preto.

O órgão afirma que os agentes foram ao local para apurar uma denúncia de perturbação e disparo de arma de fogo. O caso ocorreu na madrugada de domingo (15), mas foi divulgado somente uma semana depois, em 22 de setembro.

A SSP afirma ainda que “a instituição não tolera excessos ou desvios de conduta, punindo com rigor toda e qualquer irregularidade comprovada”. Os agentes envolvidos foram distantes

Confira a nota na íntegra:

“A Polícia Militar, ao tomar conhecimento das imagens, determinou a investigação imediata dos fatos e remanejou os agentes envolvidos para funções administrativas. A instituição não tolera excessos ou desvios de conduta, punindo com rigor toda e qualquer irregularidade comprovada.

Na ocasião, um PM foi acionado para atender uma ocorrência de perturbação e disparo de arma de fogo em via pública. Durante uma intervenção, as equipes foram hostilizadas por populares e agredidas com rojões e bombas por dois homens, que se refugiaram em um estabelecimento comercial após os disparos.

Ambos foram detidos e encaminhados à Central de Polícia Judiciária. No local, foram apreendidas cinco máquinas caça-níqueis, cartões de memória e mais de R$ 600 em espécie. O caso foi registrado como resistência e contravenção penal — jogos de azar — e a autoridade policial solícita exames periciais, incluindo corpo de delito, a todos os envolvidos.”

Violência flagrada

Imagens de câmeras de segurança da rua e da adega mostram que, logo na chegada, os PMs jogaram bombas de gás para dispersar as pessoas. Foi quando o dono da adega fechou as portas. O proprietário disse que temia abrir a porta devido à agressividade demonstrada pelos policiais, que ficaram do lado de fora gritando para que ele abrisse e fizesse ameaças.

Caso aconteceu em 15 de setembro | Foto: Reprodução

Como as portas de ferro não foram abertas, os policiais chegaram a chutá-las e acabaram conseguindo arrombá-las.

As imagens mostram ainda que os policiais derrubaram o balcão e um deles bateu em um funcionário com o cassetete. Outros PMs aparecem agredindo homens e mulheres — clientes e familiares do dono do comércio, que afirmaram não ter organizado o baile funk.

Um cliente chegou a levar 17 golpes de cassete de dois policiais. O dono da adega afirmou que chegou a ligar para o 190 para pedir socorro.

Toda a ação foi gravada pelo sistema de segurança do local, que mantém acervos de câmeras. No entanto, o dono afirmou que sofreu as piores agressões justamente no seu quarto, que não possuía câmera. Ele disse ter apanhado na frente do filho de 6 anos e da filha de 13, que teria desmaiado ao presenciar a violência.

Os policiais só pararam, segundo o dono, ao se darem conta das câmeras. Eles queriam encontrar uma central de gravação, mas, como não estava no local, desistiram. O dono e o filho foram levados para uma delegacia algemada e responderão por contravenção penal, por causa de cinco máquinas caça-níqueis apreendidas no local.

**Com informações de Folha Press