Atleta, técnico e voluntário: conheça alunos e egressos da USP que estão nos Jogos Olímpicos de Paris

Confira o depoimento de alguns dos profissionais e estudantes que estão levando o conhecimento da Universidade para garantir a excelência na competição esportiva mais famosa do mundo

Foto: Divulgação Jornal da USP

Quase 30 pessoas formadas pela USP, além de alunos da Universidade, estão em Paris neste momento ajudando as equipes esportivas brasileiras e a organização do evento a garantir a excelência dos jogos mais importantes do planeta, que são assistidos por milhões de pessoas em todo o mundo.

Muitos não estão lá, mas atuaram e continuam atuando para melhorar o esporte nacional por meio de pesquisas ou com a criação de inovações, como a ferramenta que monitora os talentos do judô brasileiro, criada no campus da USP em São Carlos, reforçando a presença da Universidade nos bastidores do esporte de alto rendimento.

Confira os depoimentos de alguns dos alunos e egressos da USP que participam dos Jogos Olímpicos de Paris:

Thatiana Freire

Gestora no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) na área de Desenvolvimento Esportivo, Thatiana Freire foi estudante da USP no bacharelado em Esporte e no mestrado em Educação Física e Esporte. Com o Time Brasil, ela acompanha os Jogos nas categorias juvenil e júnior, aqueles que possivelmente estarão nos ciclos olímpicos futuros.

“A USP foi central na minha formação, pelo foco no esporte, pelo acesso à informação de qualidade na área, seja na biblioteca, seja nas aulas, na relação com docentes, pela possibilidade de intercâmbio, pelas possibilidades de experiências universitárias diversas, inclusive fora do meu instituto de origem”, diz a gestora. “Tudo isso contribuiu muito nas minhas escolhas e na qualidade do meu trabalho, desde sempre e continua reverberando na minha atuação hoje.”

Em Paris, Thatiana está atuando na área de Jogos e Operações Internacionais no Programa Familiares e Amigos, que busca oferecer suporte a familiares e amigos de atletas e oficiais que estarão acompanhando os Jogos in loco, além de auxiliar na operação do restaurante do COB.

Bruna Patrício

“Obtive conhecimentos que eu nem imaginava que se aplicavam à Educação Física, e abriram meus olhos para a complexidade da área”, afirma Bruna Patrício sobre sua formação na USP. Bruna é estudante de Educação Física e também atleta de vela, desde os oito anos. “Estudar na USP contribui muito também para minha vida como atleta de alto rendimento, ao me incentivar a pensar sobre o meu treinamento e sobre o autocuidado com minha saúde e corpo”, complementa.

Bruna está em Paris como integrante da Confederação Brasileira de Vela (CBVela) atuando nos estandes e atividades do espaço da Prefeitura de São Paulo na Casa Brasil. O projeto busca promover a Vela, que foi o esporte que mais trouxe medalhas olímpicas para o Brasil, e também a cidade de São Paulo. A estudante não competirá neste ano, mas já iniciou campanha olímpica na Classe 470 para os Jogos de 2028. Bruna já foi campeã no Mundial Feminino de Vela na Classe Snipe e no Sulamericano Júnior.

Mateus Saito

“A multidisciplinaridade da Universidade me capacitou tecnicamente para poder tratar e prevenir lesões, além de ter ajudado a estabelecer relações entre a medicina e outras áreas, como a fisioterapia”, conta Mateus Saito, médico do esporte especialista em mãos. Formado pela Faculdade de Medicina (FM) da USP, Saito destaca a importância e a qualidade do curso, além de oportunidades como a participação nas atléticas e na Liga de Medicina Esportiva do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo.

O interesse no esporte veio justamente para entender a importância da atividade física no bem-estar da população. Para ele, trabalhar com o alto rendimento é uma grande oportunidade de lidar com questões médicas complexas e que ajudam a ampliar a criatividade nas abordagens médicas para lesões, buscando um retorno rápido e com segurança do paciente à sua rotina.

Saito já integrou a equipe médica em outras edições dos Jogos Olímpicos, como em Londres 2012 e Rio 2016. Durante a preparação para este ano, Saito tem atuado de maneira mais pontual com a preparação física e atendimento dos atletas, sobretudo, em casos de lesão de mãos. Em Paris, acompanha diferentes modalidades como traumatologista.

Paula Avankian

Coordenadora de Tecnologia Esportiva no COB, Paula Avankian faz parte da delegação do Time Brasil como colaboradora na área de análise de vídeo. Ela começou na área acompanhando, inicialmente, apenas o boxe. O interesse no campo das lutas, no entanto, é antigo e vem da época da sua graduação em Educação Física na EEFE.

Paula também participou do Grupo de Estudos em Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas de Combate. Foi professora treinadora de taekwondo na Universidade. Fez iniciação científica e seu trabalho de conclusão de curso (TCC) na área recebeu o prêmio de melhor trabalho acadêmico em 2011. “A base sólida em Educação Física, aliada às experiências em ensino, pesquisa e prática esportiva, me capacitaram a desenvolver uma visão analítica e técnica, essencial para minha atuação na análise de desempenho e vídeo no esporte”, salienta.

Em Paris, fará parte da equipe dedicada à análise de vídeo das performances dos atletas brasileiros e seus adversários, em uma sala do COB e também nos locais de competição. Essa área tem sido desenvolvida desde 2012 pelo Comitê.

Carolina Izabela de Lazari

“Temos um grande diferencial na fisioterapia da USP por ser um curso que estimula muito o raciocínio clínico inclusive dentro de um hospital-escola, o Hospital das Clínicas (HC)”, conta Carolina de Lazari. Ela é fisioterapeuta da equipe brasileira de paracanoagem e sócia fundadora da LM Saúde, uma clínica de fisioterapia de São Paulo. “Estudar na USP foi uma parte importante da minha formação como profissional e colabora com a minha atuação na seleção brasileira atualmente”, complementa.

A fisioterapeuta tem participado da rotina dos atletas desde o momento de treinamento e também vai acompanhá-los durante os jogos. Em Paris, Carolina estará presente no momento de aquecimento, de soltura da musculatura, durante as provas e na prevenção e reabilitação de eventuais lesões, para garantir uma melhor performance e o bem-estar dos atletas.

Thomaz Rodrigues Gomes Vilas Boas

“A formação na USP não só despertou meu interesse pela gestão esportiva, mas também me proporcionou uma base sólida de conhecimento e habilidades que serão cruciais para a minha função nos Jogos Paralímpicos”, afirma Thomaz Rodrigues. Ele se formou em 2021 na EEFE como Bacharel em Esporte e atualmente é bolsista no mestrado em Gestão Esportiva da União Europeia, o Governance and Administration of Leisure and Sports (GOALS).

Durante sua trajetória, Rodrigues estagiou na área de parcerias, eventos e comunicação na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Paris, no setor de esporte, e agora trabalha como gestor de Eventos na Global Sports Week Paris (GSW), um fórum internacional que reúne líderes e agentes de mudança do esporte, negócios, cultura, mídia, política e sociedade desde 2020. Além disso, o mestrando participou de eventos organizados por instituições como UEFA, FIBA, Euroleague Basketball.

Em Paris, atuará como voluntário das Paralimpíadas e organizador do evento United by Sports Forum, promovido pela GSW em parceria com a Sport dans la Ville, a maior associação de inclusão por meio do esporte da França. Ele também será gestor geral e membro da equipe de pontuação para a modalidade Paratriathlon.

Gustavo Schirru

Formado em Esporte na EEFE em 2013, Gustavo Schirru é técnico da Seleção de Singapura de Natação. “O conhecimento acadêmico que adquiri na USP me ajuda muito no dia a dia, inclusive na possibilidade de adaptar o programa de treino para as necessidades do grupo que estou trabalhando no momento”, conta.

O seu trabalho com a natação começou ainda em 2010 como estagiário da equipe principal do Esporte Clube Pinheiros e, depois, passou a trabalhar com atletas de nível internacional. Ao viajar para uma competição em Singapura em 2018 e 2019, Schirru conheceu Gary Tan, uma das lideranças do centro de treinamento do país, que, no ano seguinte, fez o convite para ele trabalhar no Centro de Treinamento Nacional de Singapura. Ele se tornou técnico do grupo de velocistas do centro e participou de competições internacionais como o Asian Games de 2023 e os Mundiais de 2022 a 2024.

Em Paris, acompanhará dois nadadores com índices individuais, Jonathan Tan – que participará dos 50m livre e 100m livre – e Letitia Sim – que participará dos 100m peito e 200m peito. Também acompanhará as atletas do revezamento 4×100 medley feminino.

Giulia Guarieiro

“Estamos muito focadas e acho que a energia e a alegria do grupo são características que sempre tivemos e que mantivemos para esta competição.” Esta é a declaração de Giulia Guarieiro, atleta da Seleção Brasileira de Handebol Feminino, sobre as expectativas da equipe para os Jogos Olímpicos deste ano. Giulia, que também é formada em Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, está participando da sua segunda Olimpíada, depois da estreia em Tóquio, em 2021.

A atleta começou a prática do handebol ainda na escola. Depois, passou pelo Esporte Clube Pinheiros e pelas equipes espanholas Balonmano Bera Bera e Granollers, onde continua até hoje. Sobre as Olimpíadas de 2024, Giulia afirma: “Eu vejo o grupo com muitas expectativas, porque trabalhamos muito nessa preparação”.

Álvaro Casagrande Herdeiro

Formado pela Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP em 1992, Álvaro Casagrande Herdeiro é assistente técnico da Seleção Brasileira Feminina de Handebol. Ele trabalha com a modalidade nos campeonatos universitários como treinador da Faculdade de Medicina (FM) da USP, nas equipes feminina e masculina, e da Universidade Paulista (Unip), na equipe masculina.

O handebol esteve presente na sua vida desde o primeiro ano da graduação, quando atuou como estagiário de treinamento do esporte em um colégio da cidade. Em 2017, ingressou como chefe de equipe na Seleção Feminina Brasileira e, após os Jogos Olímpicos de Tóquio, passou a exercer a função de assistente técnico.

“Meu trabalho tem sido auxiliar o treinador principal nas análises das atletas com possibilidade de convocação, além do estudo de equipes adversárias que enfrentamos em torneios e em amistosos”, conta. Em Paris esse trabalho continua, principalmente, na análise das equipes adversárias, para ajudar o treinador principal a criar estratégias para as partidas olímpicas.

Eduardo Cillo

Psicólogo esportivo, Eduardo Cillo é coordenador no Departamento de Preparação Mental do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Ele fez doutorado em Psicologia Experimental na USP e pesquisou a aquisição de padrões motores a partir de influências verbais, investigando sobretudo a interação entre treinador e atletas, principalmente no início de carreira. “É uma formação em pesquisa que me ajuda também na aplicação do trabalho prático junto aos atletas”, afirma.

Cillo atuou individualmente com alguns atletas olímpicos até 2022, quando recebeu a proposta de ser coordenador. Desde então, ele trabalha com a gestão da equipe dos psicólogos e psiquiatras do esporte. Em Paris, Cillo, além dessa gestão, está atuando no atendimento aos atletas, que possuem ou não um atendimento psicológico sistemático. O objetivo é garantir as condições necessárias de saúde mental, que têm um papel significativo no desempenho e na experiência dos atletas do Time Brasil que participam das Olimpíadas.

Alina Dumas

“Nos esforçamos e nos dedicamos muito para poder qualificar, então agora é só dar nosso melhor para podermos chegar à final”, conta com entusiasmo Alina Dumas. Alina é atleta do para-remo na categoria PR3 – que inclui remadores com função residual nas pernas que lhes permite deslizar no assento – e doutoranda na Faculdade de Medicina (FM) da USP.

A atleta é argentina e naturalizou-se este ano brasileira. Por isso, representa o Brasil na edição deste ano das Paralimpíadas. Ela começou a praticar o remo convencional durante sua graduação no Canadá, mas, devido a uma redução de mobilidade do tornozelo em razão de uma fibrose no membro pós-cirurgias, passou a praticar o para-remo. Alina conquistou uma vaga em junho para os jogos na categoria e classe PR3 4+ – barco com quatro remadores e um timoneiro. “Os próximos passos são continuar treinando, evitar as lesões e focar nos detalhes que ainda precisam ser melhorados”, diz Alina.

Leonardo Leis

Atual auxiliar técnico da natação paralímpica brasileira, Leonardo Leis é bacharel em Esporte pela USP. Trabalha com a natação desde 2012, quando foi monitor do curso de extensão Natação para a Comunidade da EEFE. Ficou no grupo até 2014 e ingressou no movimento paralímpico em 2015. “Na EEFE, aprendi a consumir e absorver a literatura científica e como aliar esse conhecimento à prática do dia a dia de trabalho. Acredito que esse tenha sido o grande diferencial na minha formação”, comenta.

Nos Jogos de Paris, está presente desde a fase final de preparação, que está sendo na França, pouco antes da competição até o momento das Paralimpíadas de fato. Nas provas, o auxiliar atua no aquecimento dos atletas, fazendo o taper – auxílio com uma vara específica nas viradas e chegadas – dos atletas com deficiência visual. Ele também atuará analisando as provas para buscar ajustes e melhorar a performance dos atletas.

Diogo Castro

“Na minha formação, além do esporte, da educação física e da prática como treinador, foi muito importante ter a possibilidade de fazer disciplinas, experimentar e aprender um pouco sobre as diferentes áreas do conhecimento”, comenta Diogo Castro. Ele atualmente compõe a equipe de Análise de Desempenho da Seleção Espanhola de Handebol e é o segundo treinador do clube AEK – Atenas. Ele formou-se na EEFE em 2017.

Castro teve uma longa trajetória no handebol. Ainda na Universidade, atuou como técnico de diferentes equipes universitárias, como os times femininos e masculinos da ECA, e participou de grupos de pesquisa sobre a modalidade. Também trabalhou em clubes das categorias de base e adulto no Brasil e no exterior. Ele já integrou a comissão do técnico Jordi Ribera na Seleção Brasileira de Handebol Masculina no Rio, em 2016, na Seleção Espanhola de Handebol Masculina em Tóquio, em 2021, e, agora, em Paris.

Castro acompanha à distância a equipe de analistas de desempenho da Seleção Espanhola e atuará nesse intermédio entre os analistas e os técnicos, auxiliando com informações estratégicas sobre as equipes adversárias e da própria seleção espanhola, visando ao melhor desempenho nas Olimpíadas.

João Pedro Boccato

“A formação que recebi na USP me proporcionou uma compreensão abrangente do esporte como um todo e não apenas como modalidades isoladas”, conta João Boccato, analista de desempenho da natação brasileira. Ele formou-se na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP em 2015.

Na Universidade, já tinha a pretensão de ser preparador físico e trabalhar com o esporte de alto rendimento. Ao longo da graduação, o seu foco era o basquete, mas foi por meio da natação que ingressou no Time Brasil. Após ajudar um colega em uma competição do Esporte Clube Pinheiros, a modalidade veio para ficar na sua trajetória.

Com o Time Brasil, Boccato já participou do Campeonato Juvenil de 2022, na Argentina, dos campeonatos mundiais de 2022 a 2024, dos Jogos Pan-Americanos em Santiago 2023 e agora está em Paris.  O analista conta que as expectativas são altas para os Jogos com a possibilidade de medalhas para os 400 metros nado livre masculino e feminino com Guilherme Costa e Maria Fernanda Costa.

**Texto por Jornal da USP