O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou uma decisão controversa ao vetar integralmente o Projeto de Lei 5.332/2023, que propunha a dispensa de reavaliações periódicas para aposentados por incapacidade permanente, irreversível ou irrecuperável.
Publicada no Diário Oficial da União, a mensagem de veto número 1.528/2024 trouxe à tona um debate relevante sobre o equilíbrio entre os direitos dos beneficiários e a sustentabilidade do sistema previdenciário.
Proposta e Tramitação
Originalmente apresentado em 2017 pelo então deputado Rôney Nemer (DF), o projeto visava modificar leis fundamentais da Previdência Social e Assistência Social, com o objetivo de aliviar o ônus para indivíduos com condições claramente irreversíveis e também introduzir a participação de infectologistas nas perícias médicas para pessoas com AIDS.
Argumentos do Veto Presidencial
Durante sua tramitação, o PL recebeu apoio significativo, incluindo a relatoria de membros do PT nas comissões de Assuntos Sociais e Econômicos do Senado.
Contudo, o veto presidencial levanta questões importantes.
Segundo o presidente Lula, a medida poderia ir contra o interesse público ao assumir a permanência de uma deficiência com base em uma avaliação clínica momentânea, não levando em conta a abordagem biopsicossocial que considera a interação entre os impedimentos e o meio.
Implicações do Veto
A preocupação central do veto é que a dispensa de reavaliações médicas poderia prejudicar a gestão dos benefícios, mantendo pagamentos a quem talvez não atenda mais aos critérios originais devido a avanços terapêuticos ou tecnológicos, resultando em um potencial aumento dos gastos públicos continuados.
O Presidente também fundamentou seu veto na alegada inconstitucionalidade do projeto, citando violações à Constituição Federal, em particular às normas de seletividade e distributividade na prestação de benefícios, e à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Próximos Passos
Este veto abre um amplo campo para debates.
Por um lado, a necessidade de proteger as finanças públicas e assegurar que os benefícios sejam justamente distribuídos; por outro, a demanda por sensibilidade e reconhecimento das realidades vividas por aqueles com incapacidades permanentes.
O equilíbrio entre estas facetas é delicado e exige uma reflexão profunda sobre como os direitos sociais são implementados e protegidos em nossa sociedade.
O Congresso Nacional deverá analisar o Veto e decidir se vai mantê-lo ou derrubá-lo.
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