Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram um produto natural que pode revolucionar o tratamento de água no Brasil. A partir do extrato da castanhola, árvore típica da região, foi criado um floculante natural capaz de se agregar às partículas presentes na água turva, formando flocos maiores e mais fáceis de serem removidos.
O tratamento de água realizado nas estações municipais é essencial para garantir que a população receba água potável, livre de microrganismos que causam doenças. Nesse processo, normalmente são adicionados compostos químicos para promover a coagulação e a floculação das partículas de sujeira, que depois decantam e são eliminadas. É justamente nessa etapa que o floculante natural atua.
Ao contrário dos compostos químicos tradicionais, o produto desenvolvido pelos cientistas não oferece riscos ao meio ambiente nem à saúde humana, sendo uma alternativa segura, sustentável e economicamente viável aos produtos tradicionais disponíveis atualmente.
Nos testes, o floculante à base de castanhola reduziu a turbidez da água em até 96%, mantendo o pH equilibrado e eliminando a necessidade de correção da acidez, etapa indispensável no tratamento convencional. Além disso, o produto diminui a formação de iodo e prolonga a vida útil dos equipamentos das estações, reduzindo custos operacionais.
“A eficiência do nosso coagulante é consistente e ecologicamente segura. A cationização dos taninos, processo químico que realizamos, foi essencial para melhorar a interação entre o floculante natural e as partículas orgânicas presentes na água, aumentando a eficácia da remoção das impurezas,” explicou Tatiane Carnaval, professora e líder da pesquisa.
A pesquisa recebeu destaque no Prêmio Inovação das Águas Potiguares de 2024, promovido pelo Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn), onde foi reconhecida como uma das melhores produções científicas na área de segurança hídrica e gestão de recursos sustentáveis. O avanço representa um passo importante na busca por soluções sustentáveis e economicamente viáveis para o abastecimento de água.
Em um cenário global em que o acesso à água potável segue sendo um desafio, especialmente em países em desenvolvimento, pesquisas como essa ajudam a baratear os custos de tratamento e ampliar o acesso ao saneamento básico. Trata-se de um avanço que pode beneficiar populações vulneráveis, proteger o meio ambiente e reforçar soluções sustentáveis para o futuro
