Segundo a pesquisa global “Gen Z and Millennial Survey 2025”, realizada pela Deloitte, no Brasil, 81% da Geração Z e 79% dos Millennials afirmam estar aflitos ou ansiosos com a crise ambiental e o impacto direto em suas vidas. Para Marcos Olliver, sócio-líder de People & Purpose da Deloitte, esses números podem ser explicados pela experiência recente do país com eventos extremos, como as secas na Amazônia, as enchentes no Rio Grande do Sul e as ondas de calor dos últimos dois anos, potencializada pelo fenômeno do El Niño.
Mas, mais do que palavras, os jovens brasileiros têm demonstrado ações concretas. De acordo com a pesquisa, a preocupação ambiental se reflete em mudanças práticas de consumo e trabalho. Cerca de 70% das novas gerações estão dispostas a pagar mais por produtos sustentáveis e esses mesmo jovens têm se engajado cada vez mais em mudanças de hábitos para tornar a vida e o dia a dia mais sustentáveis para o meio ambiente.
Para muitos, essa consciência influencia escolhas de estudo e carreira, reforçando a ideia de que sustentabilidade e desenvolvimento caminham juntos. No mercado de trabalho, a sustentabilidade já é critério de escolha, 80% da Gen Z e 84% dos Millennials no Brasil avaliam as políticas ambientais das empresas antes de aceitar uma oportunidade de emprego, contra 70% na média global. Além disso, 60% da Gen Z e 57% dos Millennials afirmam pressionar seus empregadores a adotar medidas de proteção ambiental, índices que também superam os registrados mundialmente. Estas são algumas das ações que refletem uma mudança de postura de quem entende que proteger o meio ambiente é também uma responsabilidade cívica
Essa tomada de consciência por parte de uma juventude que não causou, mas herdou o problema, tem resultados sensíveis: ansiedade climática. Um medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao próprio futuro e o das próximas gerações. Essa ansiedade é causada principalmente pela sensação de não ter o controle sobre as ações que geram ou potencializam as catástrofes, e a sensação de que as ações individuais pouco fazem pelas mudanças efetivas.
Por isso é visto com bons olhos esse engajamento das gerações mais novas, suas ações de pressionar as empresas as obrigam a rever suas práticas caso desejem atrair a atenção dessa grande parcela da população, que acredita que o Brasil pode e deve liderar o movimento de mudanças significativas para a transformação climática.
A postura dessas gerações assume um caráter ainda mais relevante quando confrontado com o negacionismo ambiental e políticas públicas que, em alguns períodos recentes, minimizam a urgência das mudanças climáticas. Em um país onde discursos de desvalorização da ciência coexistem com graves problemas socioambientais, a postura crítica e engajada dos jovens representa uma esperança e um contraponto necessário. São eles que carregam a capacidade de transformar conhecimento em ação, desafio em inovação e alerta em mobilização social. A mensagem é clara: os nossos jovens querem que seus líderes transcendam suas diferenças, ajam agora e ajam com ousadia para combater a crise climática e é com eles que a nossa sociedade deve caminhar junto.



