Parlamentares aliados de Jair Bolsonaro (PL) criticaram nesta terça-feira (18) a denúncia contra o ex-presidente feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e falam em perseguição política.
A liderança da oposição na Câmara, hoje ocupada pelo deputado federal Zucco (PL-RS), divulgou uma nota minutos após a divulgação da denúncia do procurador-geral Paulo Gonet. O texto fala em “veemente repúdio” à acusação e na falta de fundamentação jurídica sólida.
“Tal denúncia carece de fundamentação jurídica sólida e parece estar alicerçada em interpretações subjetivas, desprovidas de evidências concretas que sustentem as graves acusações imputadas.”
O texto segue: “A celeridade com que a Polícia Federal concluiu o inquérito e encaminhou relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), sem a devida observância dos direitos constitucionais ao contraditório e à ampla defesa, suscita questionamentos acerca da imparcialidade e da isenção necessárias em investigações dessa natureza”.
A oposição também reafirma “total apoio ao ex-presidente” e diz que ele “sempre se pautou pelo respeito à Constituição e ao Estado democrático de Direito”. “Rejeitamos com firmeza qualquer tentativa de criminalização de sua trajetória política e denunciamos essa ação como uma ofensiva seletiva com motivações que transcendem o campo jurídico.”
O texto conclui falando em “perseguição política disfarçada de procedimento legal”.
Após a sessão, um grupo de parlamentares falou com jornalistas no salão verde. Zucco disse se tratar de um movimento político, porque ele está bem posicionado em pesquisas para 2026 -o ex-presidente foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a oito anos de inelegibilidade.
O deputado Sanderson (PL-RS) fez um paralelo entre a Operação Lava Jato e a ofensiva contra Bolsonaro, dizendo ter havido “combinação” entre juiz e investigadores.
“Quando o Ministério Público, o juiz e a parte interessada se reúne numa triangulação para ajustar condutas e estratégias, nós estamos diante de um tribunal de exceção. Isso não dá para ser aceito em lugar nenhum, independente de ser A, B, C ou D o réu ou a parte interessada”, afirmou.
Já a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) classificou Bolsonaro como “vítima da ditadura” e disse que democracia é letra morta no país.
“Um processo cujos fundamentos são claramente políticos demonstra que o Estado democrático de Direito não passa de letra morta. Quem coloca sua digital nisso não tem qualquer respeito pelo Brasil”, disse, em nota.
O deputado federal Mario Frias (PL-SP) afirmou que a denúncia representa o avanço “do Estado de Exceção no Brasil, onde os órgãos de Estado foram instrumentalizados para prender adversários políticos”.
“A acusação de um golpe nunca tentado, apresentando minutas de dispositivos constitucionalmente previstos, artigos acadêmicos de um padre atrelados a manifestação de mães, idosos, trabalhadores e religiosos desarmados.”
O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), disse que “Deus sabe de todas as coisas e a justiça será feita”.
No Senado, o líder da oposição e secretario-geral do partido, Rogério Marinho (PL-RN), postou em rede social a hashtag #FechadocomBolsonaro “A injustiça, o arbítrio e a perseguição não conseguirão calar o sentimento da população e o que o Presidente @jairbolsonaro representa!!”.
Mais cedo, ele esteve em um almoço com Bolsonaro na Casa. O também ex-ministro do governo passado e atual senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi às redes sociais para dizer que “Bolsonaro é um homem honesto, de bem e inocente”.
Já o senador Jorge Seif (PL-SC) destacou a queda na aprovação do governo Lula (PT) como suposta justificativa para ação contra o ex-presidente.
“Apenas mais uma tentativa de calar a oposição, enquanto a popularidade de Lula despenca e Bolsonaro venceria em 2026”, afirmou.
Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14) mostrou que a aprovação de Lula desabou em dois meses, de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%. Acham o governo regular 32%, ante 29% em dezembro passado, quando o Datafolha havia feito sua mais recente pesquisa sobre o tema.
MARIANNA HOLANDA / Folhapress