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Brincando de Cabra Cega

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Brincando de Cabra Cega
Wulf Galkowicz é Servidor e Fiscal Fazendário

Politizado o enfrentamento da pandemia, no falso dilema entre vida e renda, a duras penas seguimos nossas vidas com números atrozes. Toda pandemia tem seu ciclo de surgimento, expansão e decréscimo até se tornar uma situação crônica ou extinta como no caso da varíola que desde 1977, não se tem mais notícia, graças a descoberta de sua vacina.

Quanto a Covid, já temos 166 pesquisas em andamento e fábricas em construção, inclusive no Brasil. A pergunta é o que fazer até que ela surge, de modo a salvaguardar, tanto quanto possível, o convívio social.

No Brasil, num primeiro momento a explosiva expansão da pandemia a orientação foi de não buscar atendimento médico, nem mesmo adquirir máscaras, pois não havia organização suficiente para atender a demanda de nenhuma das dois, ao mesmo tempo que outros desdenhavam da gravidade da situação e da desnecessidade do distanciamento social.

E que outras medidas poderiam, podem e deveriam ser tomadas para salvaguarda da vida e da renda?!

A Europa, com populações de dezenas de milhões, antes de conseguir estabilizar a atual onda de contágio com estrito controle do distanciamento social, navegou pelas águas do negacionismo e pagou um alto preço de óbitos por milhão de habitantes: Bélgica 851; Reino Unido 685; Espanha 610; Itália 582; França 464.

Nos países asiáticos desenvolvidos a experiencia algo distinto. Em regra, rapidamente compreenderam a natureza na situação e passaram a praticar o distanciamento (em parte já presente na cultura milenar) e as consequências do surto foi absolutamente distinto, em termos de manutenção do convívio e mortes por milhão: Japão 9; Coreia do Sul 6, Malásia 4.

E aqui no nosso quintal o fizemos?! Com idas e vindas navegamos num barco furado de distanciamento. Ignoramos desde o início que o vetor de transmissão do vírus é o transporte público. Primeiro da classe média que carregou, de avião, o contágio para Europa e para o Mundo. Instalado, localmente, o vírus, o vetor transporte público continua operando. Agora por ônibus, trens, metro, barcos. A loteria da doença que pode atingir a qualquer um, agora ceifa a vida nos bairros de periferia. E em meio ao negacionismo, muitas vezes oficial, e a falta de esclarecimento ou o desdém e a arrogância de quem se acha inatingível, nas aglomerações de bares, de festas ou mesmo nas andanças pelos centros de compra.

Não aprendemos com a experiencia de quem bem saiu e insistimos num caminho que já se sabe a consequência. Não instituímos um escalonamento do horário das diferentes espécies de comércio e serviços, de modo a reduzir as aglomerações nas ruas, nos estabelecimentos e no transporte público cronicamente lotado e demorado.

Amanhã haverá os que se vangloriarão de que o número de óbitos atingidos se deve a clarividência deste ou daquele, mas com certeza essa suposta clarividência não obteve sustentar a vida de dezenas de milhares avos, mães, pais, irmãos, filhos, amigos, vizinhos, ceifados pela incapacidade de gestar uma coordenação de consensos e esforços na administração pública e sociedade civil

*Colaborou Deise Cristina Albuquerque Lins – Servidora – Dentista