Durante um evento virtual da Câmara, realizado no início da noite desta sexta-feira (23), a vereadora Duda Hidalgo (PT) discutiu a atual situação e ações voltadas para o combate à violência contra pessoas trans em Ribeirão Preto.
A reunião contou com a participação do vereador Marcos Papa (Cidadania) e representantes de organizações sociais e entidades relacionadas ao tema. O preconceito, a intolerância, riscos e violações de direitos da população trans foram relatados e discutidos durante a reunião.
A vereadora informou que será elaborado um trabalho parlamentar em formato de projeto de lei ou como indicação, e encaminhado ao Executivo para que inicie um trabalho de política pública visando a comunidade trans.
Ribeirão Preto
No início de abril de 2021, duas transexuais foram assassinadas em Ribeirão Preto. A primeira, conhecida como Marcia Marcita, foi encontrada na última sexta-feira (9), em uma casa no Parque Avelino, na zona Norte da cidade, com diversas marcas de violência e a outra, Milena Massafera, foi localizada na noite de sábado (10), no interior de uma quitinete na Vila Tibério, região Oeste, com facadas por todo corpo.
“As duas foram mortas com grande violência. Marcas pelo corpo inteiro, incluindo os pés, o que indica ação de ódio pensada para assassinar. Como Lgbt, eu também temo por minha vida. Isso não pode continuar”, diz Fábio de Jesus, presidente da ONG Arco-Íris de Ribeirão Preto.
Violência nas ruas
A cada uma hora, um LGBT é agredido no Brasil, de acordo levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre 2015 e 2017, data em que os dados foram analisados, 24.564 notificações de violências contra essa população foram registradas, o que resulta em uma média de mais de 22 notificações por dia, cerca de um registro a cada hora.
“LGBTfobia é crime no país hoje e nós não podemos e não vamos deixar que isso saia impune”, afirma o presidente da ONG Arco-Íris, “A Milena era muito minha amiga, nós tínhamos trabalhos sociais juntos que fazíamos pela ONG. Ela nunca brigou com ninguém. Era uma menina meiga, carinhosa, sempre foi doce e humilde. É uma de nós que se foi e isso para nós é muito triste”, finalizou.