Câncer de bexiga mata 5 mil por ano; tabagismo e exposição a químicos estão entre fatores de risco

No Brasil, doença afeta principalmente homens; alerta para sintomas é crucial

Foto: Rede social

O câncer de bexiga é uma doença grave que, entre 2019 e 2022, causou cerca de cinco mil mortes por ano no Brasil, totalizando 19.160 óbitos nesse período, segundo dados do Ministério da Saúde. 

Além do tabagismo, que é o principal fator de risco, a exposição frequente a tintas e solventes também desempenha um papel significativo no desenvolvimento da doença. Quase 70% das vítimas foram homens, evidenciando um possível impacto ocupacional sobre a população masculina.

Identificar precocemente os sintomas, como a presença de sangue na urina, é fundamental para o diagnóstico e o tratamento eficaz da doença. O alerta é feito pelo urologista e especialista em cirurgia robótica urológica, José Roberto Colombo Junior. 

Segundo ele, a presença de sangue na urina normalmente é indolor e pode incluir coágulos. Outros sinais de atenção incluem ardor ao urinar e aumento da frequência urinária.

“Quanto mais precoce for realizado o diagnóstico, maiores são as opções terapêuticas e maior a chance de cura”, ressalta Colombo Junior.

Fatores de risco

Embora o tabagismo seja o principal fator de risco para o câncer de bexiga, outros elementos contribuem para o desenvolvimento da doença. “Entre eles estão o contato frequente com solventes e tintas, infecções urinárias de repetição e o uso prolongado de sonda vesical”, enfatiza Colombo Júnior.

O diagnóstico do câncer de bexiga é sugerido por exames de imagem, geralmente ultrassonografia. Se houver suspeita, uma cistoscopia deve ser realizada para confirmação.

“A cistoscopia é realizada por meio da introdução de uma pequena câmera pelo canal da urina (uretra), permitindo que o urologista visualize o interior da bexiga”, explica o especialista.

 Estágios e tratamentos

Os tratamentos variam conforme o estágio da doença. No estágio inicial, o tratamento envolve a ressecção da lesão da bexiga por meio da uretra, onde toda a lesão é retirada e enviada para análise patológica.

Uma vez confirmada a presença maligna no tecido, é fundamental saber o quanto a lesão está infiltrada na parede da bexiga. E, se constatada a invasão da musculatura vesical, o tratamento pode incluir a retirada da bexiga (cirurgia também chamada de cistectomia). Há, contudo, situações em que são indicadas sessões de radioterapia associadas à quimioterapia, a depender da extensão da doença e comorbidades do paciente, aponta o médico.

“Já para os casos de doença superficial, ou seja, de lesões que não invadem a musculatura da bexiga, o tratamento é realizado pela própria ressecção ou até pela quimioterapia intravesical, utilizando-se o onco BCG [forma de imunoterapia que utiliza bactéria atenuada para atacar células cancerosas]”, detalha o urologista.

Quando a cistectomia é recomendada, a realização por meio de cirurgia robótica é a melhor opção ao paciente.

“Isso porque a cirurgia robótica diminui a morbidade do procedimento cirúrgico, proporcionando menor sangramento, menor tempo de internação, menos dor e recuperação pós-operatória muito mais breve”, destaca Colombo Júnior.