RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Cansaço da tripulação pode ter contribuído para acidente da Voepass

A afirmação é do Ministério do Trabalho e Emprego, que realizou uma auditória após o acidente aéreo que levou 62 pessoas à morte, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes

Acidente aéreo matou 62 pessoas, em agosto de 2024 | Foto: Rede social

A fadiga da tripulação do voo 2283 da Voepass pode ter contribuído para a queda da aeronave no dia 9 de agosto do ano passado. A afirmação é do Ministério do Trabalho e Emprego, que realizou uma auditória após o acidente aéreo que levou 62 pessoas à morte, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes – comandante, piloto e duas comissárias de voo.

A conclusão foi divulgada nesta terça-feira (16) e analisou as escalas de trabalho do comandante e do piloto desde o dia 1º maio do ano passado até até a data do acidente. Para a investigação, foram verificados os registros de check-in e check-out em hotéis.

A Voepass, de Ribeirão Preto, foi procurada para comentar o relatório do ministério, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

O ministério afirma que a Voepass realizou escalas que reduziram o tempo de descanso da tripulação, o que pode ter causado cansaço em um nível capaz de prejudicar a concentração e o tempo de reação dos profissionais. Isso, somado a outras possíveis causas, pode ter contribuído para a queda da aeronave.

O ministério afirma que entre as principais causas encontradas estão a falta de controle efetivo da jornada da tripulação, descumprimento da Lei dos Aeronautas em relação aos limites de jornada e períodos mínimos de descanso, além da violação de cláusula da Convenção Coletiva voltada à prevenção da fadiga.

Por isso, a empresa recebeu dez autos de infração, que podem gerar multas de cerca de R$ 730 mil. Além disso, foi notificada por não recolher mais de R$ 1 milhão em FGTS de seus empregados. O relatório ainda cita estudos que demonstram medidas que poderiam ter sido adotadas pela empresa para diminuir o cansaço e evitar novos acidentes.

Em junho deste ano, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) cassou, sem possibilidade de recurso, a licença da Voepass —não diretamente pelo acidente, mas pela incapacidade da empresa de corrigir falhas apontadas em fiscalizações anteriores.

Uma das principais hipóteses para a queda é a formação severa de gelo nas asas, que pode ter provocado uma inclinação abrupta e involuntária momentos antes do acidente. Essa tese consta no relatório preliminar do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da FAB (Força Aérea Brasileira), que ainda não concluiu a investigação.

Paralelamente, a Polícia Federal conduz a investigação criminal para responsabilizar os envolvidos, mas não comenta casos em andamento.

Quando a tragédia completou um ano, a companhia aérea disse que a queda do avião em Vinhedo (SP) resultou em danos irreparáveis.

“Em mais de 30 anos de operações na aviação brasileira, jamais havíamos enfrentado um acidente”, diz a companhia aérea, acrescentando que tem atuado de forma transparente junto às autoridades públicas e segue fortemente dedicada “a resolução das questões indenizatórias o quanto antes, neste aspecto com estágio bastante avançado das indenizações restantes”.

A empresa também argumenta que estava com o CVA (Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade) válido, e com todos os sistemas requeridos em funcionamento.

A informação é confirmada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que diz que a aeronave, um ATR 72-500 fabricado em 2010, estava em condições regulares para operar no momento do acidente, com certificados de matrícula e aeronavegabilidade válidos. Os quatro tripulantes a bordo também possuíam licenças e habilitações em dia.

ISABELLA MENON / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS