Carne representa cerca de 40% dos gastos no mercado em Ribeirão

Foto: Rede social

O Índice Mensal de Cesta Básica divulgado pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) nesta quinta-feira (18) aponta que a carne é o item que mais pesa nas despesas das famílias ribeirão-pretanas, ocupando cerca de 40% do orçamento para alimentos básicos. A métrica é a primeira do ano divulgada pela entidade e mostrou que quem comprou na Zona Sul gastou até 8,84% a mais que na região mais em conta.

O levantamento da flutuação dos preços não tem caráter fiscalizador e foi feito pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB-Acirp) do Departamento de Relações Jurídicas e Institucionais, braço econômico da entidade.

A pesquisa trouxe dados coletados em 11 supermercados e quatro padarias do município nos dias 4 e 5 dos meses de abril e maio, revelando que, em apenas 30 dias, o preço dos alimentos essenciais teve uma inflação de 3,56% na cidade.

O resultado mostrou que a cesta em Ribeirão no início de abril custava em média R$ 649,72, valor que subiu para R$ 672,82 no começo de maio.

Entre um mês e o outro, tomate e banana tiveram os maiores aumentos médios, com crescimento de preço na ordem de +27,55% e +6,35%, respectivamente. Café e margarina com sal, por sua vez, apresentaram no período a maior queda, calculada em -9,45% e -8,41%.

A Zona Sul apresentou nas duas datas a cesta mais cara do município (R$675,09 em abril e R$ 702,85 em maio) e inflação de 4,11%. A região Central vem em seguida, também com crescimento no período (R$ 661,07 e R$ 683,92), uma alta de 3,46%.

Na Zona Norte, que teve a cesta mais barata em maio, teve ligeira queda nos preços de -1,49% (R$ 655,02 para R$ 645,26). Na Oeste (R$ 630,60 para R$ 672,11), reajuste de 6,58%.

A Zona Leste, que teve a cesta mais barata de abril em Ribeirão também acumulou o maior aumento no mês seguinte, com inflação de 7,47% (de R$620,25 em abril saltou para R$ 666,58 em maio).

Depois da carne (que em abril custou 40,91% de toda cesta e em maio, 39,63%). Na sequência, os produtos alimentícios básicos mais impactantes no orçamento familiar foram frutas e legumes (22,53% e 25,36% do custo mensal); seguidos de farináceos (20,02% e 20,81%). Na sequência, leguminosas (5,98% e 5,55%) e Laticínios (5,9% e 5,77%) alternaram posições no período de 30 dias avaliado, ocorrendo o mesmo com óleos (2,49% e 0,84%) e cereais (2,17% e 2,04%).

O custo médio total de uma cesta de consumo alimentar capaz de atender as necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo em idade representa para o índice da Acirp o marco da linha de indigência na cidade. Os pesquisadores estimam que 1,11% da população, isto é, cerca de 8.072 indivíduos, estavam nesta condição em abril de 2023 em Ribeirão.

“Nesse contexto, define-se pobreza a partir do espectro alimentar do custo da cesta básica. Caso a renda per capita do indivíduo em abril fosse menor que esses R$ 649,72, isso o coloca em condição de indigência. A linha da pobreza, entretanto, vai além e se fosse possível analisar o fenômeno por meio de outras óticas como a precariedade sanitária e condições de moradia, este número com certeza é bem maior”, explica a analista de economia do IEMB da Acirp, Livia Piola.

Para uma carga horária de trabalho mensal de 220 horas, de acordo com o estudo, os indivíduos que ganharam salário-mínimo em abril precisaram trabalhar aproximadamente 119 horas para adquirir uma cesta básica, aplicando 53,96% dos ganhos em alimentos. A base de cálculo foi o salário-mínimo corrente, cotado no mês em R$1.302,00 e que, líquido (deduzido do 7,52% de descontos da Previdência Social), fica R$1.204,09.

Em maio, o salário subiu 1,4% (R$ 1.320,00; líquido R$ 1.220,74), mas a despesa aumentou, consumindo 55,12% da renda do trabalhador. O comprometimento do salário foi 1,16 pontos percentuais maior, o que significa trabalhar 121,25 horas no mês (2,25 horas ou 1,9% a mais que no mês anterior) para comprar os mesmos alimentos básicos.

Sandra Brandani, presidente da Acirp, reforça que, o resgate do índice local permite às empresas de Ribeirão e ao poder público terem, neste momento econômico de grande variação, mais uma ferramenta para gestão. “Visualizar essas flutuações de preços na cesta básica é essencial tanto para o cálculo de pagamentos e benefícios quanto para aqueles que atuam diretamente no setor de bares e restaurantes ou oferecem refeições para os funcionários”, pondera Brandani.

A cesta utilizada baseia-se no Decreto Lei nº 399, que regulamenta o salário-mínimo brasileiro e apresenta o tipo e a quantidade de alimentos de acordo com a região administrativa brasileira.

A lista inclui carne de alcatra (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).

Para determinação dos locais de compra, utilizou-se os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. Com exceção do pão francês, todos os itens da cesta foram cotados apenas em supermercados/ hipermercados.

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