Caso Larissa: Gerente de banco relata indagações da família Garnica sobre dinheiro, empréstimos e dívidas das falecidas

“Luiz questionou se com esse acesso que ele tinha pelo aplicativo bancário de Larissa ele poderia acessar o dinheiro que ela tinha na poupança”, declarou o gerente

Afirmativas foram dadas na última quinta-feira (05) | Foto: Reprodução Termo de Declarações

Um gerente de banco de 33 anos, cuja identidade será preservada, confessou durante relato à Polícia Civil de Ribeirão Preto algumas indagações da família Garnica envolvendo dinheiro, empréstimos e dívidas nas contas bancárias de Larissa e Nathália, falecidas em 2025.

“Em um primeiro momento, questionaram sobre dívidas, valores em conta e sobre um empréstimo consignado que Nathália teria feito pouco antes de falecer. O declarante passou as informações, e logo em seguida Viviane questionou sobre seguros de vida e outros possíveis créditos que a irmã poderia ter em relacionamento com o banco”, disse o gerente declarante, durante relato em cinco de junho.

Conforme declarado pelo gerente de uma agência de Pontal, os questionamentos foram refeitos 48 horas após o falecimento de Larissa, cujo óbito ocorreu por envenenamento.

“Depois que o declarante passou as informações solicitadas por Viviane, não teve mais contato com ela, até a segunda-feira após a morte de Larissa. No dia 24 de março, Viviane encaminhou mensagens, via Whatsapp, para o declarante pedindo ajuda sobre as contas bancárias de Larissa. O declarante conta que ficou sabendo da morte de Larissa, pois na cidade de Pontal, tem amigos no mesmo círculo que Luiz”, diz trecho do documento da Polícia Civil, divulgado à imprensa nesta segunda (09).

A respeito das indagações de Viviane, o declarante afirma que a irmã do médico suspeito teria questionado se havia saldo em conta, dívidas, se o IPVA estava pago, e questionou se o irmão – o médico suspeito – poderia acessar o dinheiro que Larissa tinha em conta.

Ainda de acordo com o depoimento do gerente, após conversar com Viviane a respeito dos valores em nome de Larissa, o médico teria ligado em seu telefone para refazer as indagações.

“Que na conversa por ligação, questionou Luiz sobre o que havia acontecido com Larissa, e Luiz narrou que passou em uma padaria para comprar algo para a esposa, mas que ela não estaria em casa, pois havia marcado uma sessão de laser, e quando chegou em casa, encontrou Larissa morta. Após a narrativa, Luiz questionou se conseguiria acessar o dinheiro de Larissa, tendo sido orientado pelo declarante sobre a necessidade de inventário”, afirma o documento policial.

No decorrer da ligação entre o médico e o gerente, o suspeito teria questionado “se com esse acesso que ele tinha pelo aplicativo bancário de Larissa ele poderia acessar o dinheiro que ela tinha na poupança”.

“Luiz acessou a conta de Larissa e fez o pagamento de alguns débitos pela conta de Larissa, post mortem. Luiz ainda utilizou o cartão bancário de Larissa, na função débito, em uma compra de farmácia, com valor aproximado de R$2.500,00, também após o falecimento da esposa”, continua o texto.

“Não teve mais nenhum contato com Viviane ou Luiz depois que encerrou o assunto com Luiz sobre a impossibilidade de levantamento de valores sem procedimento judicial”, finaliza o documento.

Carta escrita na prisão confessa chumbinho

O jornalismo do TH+ Portal teve acesso à carta escrita por Elizabete Garnica, mãe do médico suspeito de envenenar uma professora de 37 anos, em Ribeirão Preto. A redação, escrita na prisão pela idosa de 67 anos, foi composta em 31 de maio e disponibilizada nesta quarta-feira (04).

Conforme escrito pela sogra da professora morta por envenenamento, a idosa afirma estar doente, com batedeira no coração e diarreia com sangue . “Estou muito doente, há vários dias que estou com muita fraqueza, batedeiras no coração, diarreia com sangue nas fezes, muita cólica na barriga “, abre o relato da suspeita detida.

A sogra da professora envenenada afirma ainda que está recebendo medicação no presídio, porém prefere não ingerir os medicamentos para Parkinson. “Eu não trouxe e achei melhor não tomá-los”, disse.

Ainda tratando sobre a saúde, a idosa suspeita de um quadro de dengue desde terça-feira (27). “A fraqueza é demais, ontem amanheci com muita gripe, tosse, sinusite”, escreveu. “Eles me dão remédio, mas a gripe continua”, explica a idosa detida.

Em seguida às atualizações sobre sua saúde, a idosa afirma a intenção de “deixar bem esclarecido” o caso, se declarando inocente após, também alegando a inocência do médico. “Nós nunca faríamos qualquer maldade com um ser-humano. Somos uma família de amor”.

“Eu me lembro que a minha querida e amada filha filha Nathália Garnica (tinha) me contado lá no meu aposento que que várias pessoas tinham pedido para ela arrumar veneno para rato, porque não conseguiam matar os ratos com aqueles quadradinhos de veneno para ratos”, escreveu a idosa. “Tinha que dar um jeito”, concluiu.

“Aí a Nathália me contou no outro final de semana, no meu apartamento (porque ela era a chefe de vigilância sanitária em Pontal) que ela tinha conseguido dois vidrinhos de um veneno chamado de chumbinho”, continua a carta. “Disse que ela ia dividir em pequenas doses e tentar matar os ratos colocando um pouquinho nos pedaços de queijo. Infelizmente, ela veio a falecer”, continua o relato escrito em cinco folhas de uma agenda.

Após o falecimento de Nathália Garnica, em fevereiro de 2025, a idosa afirma ter ido buscar as roupas e pertences da filha falecida. Neste momento, a idosa afirma ter se lembrado dos frascos com doses do chumbinho, mas nenhum recipiente fora localizado.

A idosa afirma que, além dos pertences e vestimentas, também resgatou uma caixa com remédios. Entre os medicamentos, estavam: Dipirona, remédios para trombose e pressão, omeprazol, vitaminas e potássio.

“Eu coloquei na minha bolsa a dipirona e o omeprazol, e no dia que eu fui na Larissa, eu falei para ela que eu não estava me sentindo muito bem (eu tinha chorado muito naquele dia) mas eu não queria incomodar a Viviane, então se eu poderia ir lá conversar com ela um pouquinho com ela, ai ela disse – pode vir sogra”.

Continua a redação: “A hora que eu cheguei lá, ela disse que tinha acabado de comer uma marmita congelada que ela comprava, e até me ofereceu”.

“A conclusão que cheguei nesses dias orando muito à Deus… A Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol. Não existe outra explicação”, finaliza a carta.

O que diz o Boletim de Ocorrência

Uma professora de 37 anos foi encontrada morta em um apartamento localizado no bairro Jardim Botânico, em Ribeirão Preto, em 22 de março.

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado como morte suspeita, o corpo teria sido localizado pelo médico, que acessou o apartamento e passou a buscar pela vítima nos cômodos do imóvel em seguida à falta de qualquer resposta ou manifestação a respeito das indagações, conforme relato.

Durante as buscas, a vítima foi encontrada desfalecida no banheiro. Diante do encontro da professora, o médico, que também era marido da vítima, passou a prestar os primeiros-socorros.

A professora foi colocada em uma cama para atendimento inicial e, além de prestar socorro, o homem também acionou as autoridades. Uma equipe médica do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionada e compareceu ao edifício.

A professora teve a morte atestada ainda no apartamento, tendo sido o corpo encaminhado para exames póstumos no IML (Instituto Médico Legal).

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