Ribeirão Preto não teve nenhum caso confirmado de contaminação pelo novo coronavírus, mas bastaram surgir os primeiros registros de suspeita da doença e as vendas de produtos considerados importantes para a prevenção tiveram um aumento surpreendente. Em apenas uma loja especializada em produtos médicos no centro da cidade, mais de 300 caixas de máscaras cirúrgicas foram vendidas em apenas um dia. Cada caixa contem 50 máscaras.
A procura aumentou logo após a divulgação do primeiro caso suspeito na quinta-feira (27). Segundo Guilherme Henrique Ávila, gerente da loja, as vendas antes eram praticamente restritas a clínicas médicas e odontológicas e chegavam a 20 caixas por dia. “Acredito que as pessoas decidiram estocar o produto, embora a gente tenha explicado que isso não era necessário”, disse Guilherme.
Desde sexta-feira (28), a loja não tem mais produto em estoque e já teve que fazer novo pedido ao fornecedor. Segundo Guilherme, não há previsão para a reposição nas prateleiras e o motivo seria o aumento nas vendas também para a empresa fabricante, que além de abastecer o mercado nacional, exporta o produto para outros países.
Surpresa
O gerente se surpreendeu com os preços na negociação do final da semana passada. O custo junto ao fornecedor que era de R$ 1 por caixa subiu para R$ 10 a unidade. As máscaras consideradas de qualidade superior subiram ainda mais e chegam a custar R$ 15 na fábrica.
A situação não é diferente com o álcool gel. A loja onde Guilherme trabalha só tinha disponível embalagens de um litro pelo preço de R$ 15 e todo o estoque de 60 litros acabou na semana passada, também em apenas um dia. Para facilitar aos clientes, a loja já encomendou novo estoque em frascos menores, as chamadas embalagens de bolso.
Descartado
Nesta segunda-feira (2), a secretaria municipal de Saúde informou que o caso suspeito anunciado há cinco dias já teve resultado negativo para o novo coronavírus, conforme laudo do Instituto Adolfo Lutz.
O paciente de 42 anos tinha retornado de uma viagem de trabalho, em Milão, no Norte da Itália, e permanecia em observação na própria casa. Outros quatro casos aguardam o resultado dos testes em Ribeirão Preto, segundo o boletim epidemiológico divulgado ontem pela secretaria.
Procon
A Escola de Proteção e Defesa do Consumidor, da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) fará um levantamento dos preços de máscara de proteção e álcool gel para verificar se os estabelecimentos estão cobrando valores abusivos por causa do surto de coronavírus.
Na capital paulista, o Procon-SP informou que serão verificados os preços cobrados neste mês por várias marcas dos dois produtos em 15 farmácias e compará-los com os preços vigentes em fevereiro de 2019. Em Ribeirão, a instituição também informou que poderá monitorar a situação e conferir eventuais denúncias.
A entidade também vai apurar qual a forma de comercialização da máscara de proteção e do álcool gel e se a quantidade para venda está sendo fracionada para que todos tenham acesso aos produtos. “Caso o levantamento aponte aumento injustificado e abusividade nos preços, as empresas poderão ser multadas”, informou, em nota, o Procon-SP. O resultado da pesquisa deve sair na primeira quinzena de março.