Com o aumento da expectativa de vida e com o envelhecimento populacional, a cegueira e a deficiência visual precisariam ser prioridades da saúde pública mundial. É o que aponta o estudo do Vision Loss Expert Group (VLEG) ao concluir que a cegueira e a deficiência visual devem dobrar até 2050.
A pesquisa Trends in prevalence of blindness and distance and near vision impairment over 30 years: an analysis for the Global Burden of Disease Study acaba de ser publicada e atualiza as estimativas da perda de visão em todo o mundo. Em 2050, a previsão é que 61 milhões de pessoas serão cegas, 474 milhões terão deficiência visual moderada a severa, 360 milhões terão deficiência visual leve e 866 milhões terão presbiopia não corrigida.
“As condições oftalmológicas mais comuns são: catarata senil, degeneração macular relacionada à idade, glaucoma e retinopatia diabética. Além disso, na idade avançada, a deficiência visual não afeta apenas significativamente a qualidade de vida, mas também amplifica comorbidades, como deficiência cognitiva e risco de quedas”, conta o professor João Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, coautor do estudo e membro do VLEG.
O Vision Loss Expert Group (VLEG) é formado por médicos oftalmologistas e optometristas com experiência em epidemiologia oftálmica. Entre as ações está o desenvolvimento e aprimoramento de estimativas epidemiológicas para cegueira e deficiência visual. Atualmente, o VLEG possui mais de 100 membros de várias instituições em todo o mundo.
Segundo o professor Furtado, a maioria dos casos de deficiência visual é por falta de óculos, ou seja, pessoas que poderiam enxergar melhor com uso de óculos. E a maior causa de cegueira e a segunda de deficiência visual é a catarata, que possui um tratamento efetivo com cirurgia de intervenção única.
O professor conta que se houvesse um melhor acesso a serviços de qualidade, como consulta para uso de óculos com fornecimento para quem não consegue pagar e cirurgia de catarata, isso diminuiria em muito o número de cegos e deficientes visuais. Pois a grande maioria das pessoas têm erro refrativo não corrigido (uso de óculos) ou catarata. Então, causas mais difíceis, que precisariam de remédio novo, por exemplo, são mais difíceis de tratar, mas têm uma proporção menor.