O presidenciável Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta quarta-feira (31), que não há qualquer chance de realizar uma composição eleitoral com o Partido dos Trabalhadores. A declaração foi dada em entrevista ao programa Agora em Pauta, do Grupo Thathi de Comunicação.
“Nunca fui do PT, fui adversário do PT em três eleições inclusive (…) eu estou em outra, não ando mais com essa gente”, disse Ciro.
O presidenciável, que concedeu entrevista aos jornalistas Sérgio De Grande e Eduardo Schiavoni, com a participação do cientista político Luiz Rufino, afirmou, ainda, que não irá se engajar em um eventual segundo turno se os candidatos forem Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“[Nas eleições de 2018] Eu votei no Haddad, com dedo no nariz, que era o menos ruim, mas nunca mais na minha vida faço campanha para esse bando de irresponsáveis que levaram nosso país para esse fundo do poço”, afirmou. “Se não [estiver no segundo turno], eu anunciarei o meu voto no menos pior e viajo para Paris”, disse ele, em tom bem humorado.
A fala é uma referência às críticas que sofreu, nas eleições de 2018, por não participar ativamente da campanha de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições. Na ocasião, ele foi o terceiro colocado, enquanto Haddad, o segundo, disputou a presidência e perdeu para Jair Bolsonaro.
Críticas ao PT
O ex-governador do Ceará intensificou o tom utilizado nos últimos meses, onde não poupou críticas ao PT e à esquerda. Primeiro, relacionou a vitória de Jair Bolsonaro à condução “desastrosa” feita pelos governos do PT, em especial de Dilma Rousseff.
“Existiria o bolsonarismo radical, boçal, agressivo, odiento, se não houvesse o luluismo e suas contradições? O Bolsonaro depende do Lula, e o Lula do Bolsonaro”, disse.
Sobre Dilma, afirmou que ela fez “o pior governo da história antes de Bolsonaro”. “Dilma encolheu o PIB brasileiro em mais de 7%. O Bolsonaro, com uma justificativa muito aceitável, que foi a pandemia, causou uma queda de 4,1%”, disse.
Já sobre Lula, a quem classificou como gênio político, afirmou que o petista escolheu Haddad “para perder a eleição” em 2018 e que o ex-presidente é o grande culpado pelo atual momento brasileiro. “Foi ele quem gerou isso tudo, e não pode ser ele o cara que vem para resolver o problema. Senão, vamos ter que ouvir um discurso sobre a corrupção, sobre quem é ladrão”, disse.
Polêmica com Moro
Ciro também afirmou que se recusa a conversar com o ex-juiz Sérgio Moro para uma eventual composição de uma chapa para a disputa do Palácio do Planalto.
“Não há a menor chance de isso acontecer. Eu não venderei minha alma ao diabo para me tornar presidente do Brasil”, disse ele, que ainda classificou o ex-juiz, que comandou os julgamentos da operação Lava-Jato, como “corrupto”.
Militares
Ciro ainda afirmou que, caso seja eleito, irá editar, em seu primeiro dia de governo, uma norma que exija que qualquer militar da ativa que seja chamado para integrar o governo seja obrigado a deixar o posto nas Forças Armadas.
Segundo ele, o governo Jair Bolsonaro está promovendo uma verdadeira militarização do Estado. “Militar que quiser entrar na política, que tire a farda (…) o Bolsonaro está transformando a cúpula das forças armadas em partido político”, disse.
O presidenciável também criticou de forma veemente a atuação do general Eduardo Pazuello à frente do ministério da Saúde. “Este Pazuelo destruiu a boa referência que temos do Exército brasileiro porque é uma anta, um imbecil completo”, disse.
Cenário para 2022
No entender do pedetista, a eleição de 2022 deve ter poucos nomes. Ele afirmou não acreditar que Sérgio Moro e Luciano Huck, além do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sejam candidatos. “Os amadores vão sair todos do caminho (…) vai sair o Moro, vai sair o Luciano Huck, vai sair o Doria. Acredito que saia o Amoêdo (Novo), o Lula, o Bolsonaro e eu”, disse.
Nesse cenário, Ciro afirmou que tem condições de brigar por uma das vagas no segundo turno e acredita que Bolsonaro é o mais cotado para ficar fora da disputa. “A mim, não me surpreenderá se o Bolsonaro estiver fora do segundo turno. Hoje sei que ele está, mas tamanho é o desastre do que está acontecendo, não me surpreenderá”, afirmou.
Confira a íntegra do programa Agora em Pauta clicando aqui.