Com queimadas e estiagem, alimentos sobem 8.06% em Ribeirão Preto

Dados de setembro foram apurados pelo Instituto de Economia Maurílio Biag; alcatra e café tiveram as maiores altas

Foto: Agência Brasil

A cesta de alimentos em Ribeirão Preto atingiu o valor de R$ 672,65 em setembro, registrando um aumento de 8.06% em relação ao mês anterior.

O levantamento, realizado pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB), da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), aponta que o aumento foi impulsionado, principalmente, pelas queimadas e pela estiagem prolongada, que vêm afetando a produção de alimentos e elevando os custos de vários produtos essenciais.

“A escassez de chuvas, característica do outono e do inverno na região, impactou diretamente nas colheitas, encarecendo o preço dos alimentos. Além disso, as queimadas agravaram a situação, prejudicando a qualidade do solo e reduzindo a produtividade agrícola”, avalia Livia Piola, analista do IEMB-Acirp.

Maiores altas

A pesquisa foi realizada no dia 23 de setembro em dez supermercados/hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre todas as regiões do município.

Entre os itens mais impactados, a alcatra sofreu uma variação de 12, impulsionada pelo aumento no custo da alimentação do gado, que foi afetado pela falta de pasto e a necessidade de maior quantidade de ração.

“A expectativa é de que o preço da carne continue subindo nos próximos meses devido à estiagem prolongada e à alta nos custos dos insumos para ração, como cana-de-açúcar e soja, que também foram afetados pelas condições climáticas adversas”, comenta Livia.

Outro destaque foi o café, que apresentou aumento de 19,64. O clima seco desde abril tem afetado a produção do grão, que já vinha sofrendo desde 2023 com as  altas temperaturas e os baixos níveis de umidade.

Impacto no orçamento

Para um trabalhador com salário líquido de R$ 1.305,82, já deduzidos os encargos da Previdência Social, o gasto com alimentos em setembro comprometeria 51,51 de sua renda, um aumento de 3,84 pontos percentuais em comparação ao mês anterior. Seria preciso trabalhar cerca de 113,33 horas ou 8,45 horas a mais do que em agosto, para adquirir a cesta de consumo alimentar.

As carnes representam a maior parte na composição do orçamento alimentar, correspondendo a 37,71 do total, seguidas por frutas e legumes (27,38), farináceos (20,67) e laticínios (7,15). O restante é composto por leguminosas, cereais e óleos.

Variação por regiões da cidade

Quando analisados os preços por região, a zona Sul de Ribeirão Preto apresentou o maior custo da cesta de alimentos, chegando a R$ 716,38, com destaque para a variação da carne bovina, que subiu 14,84.

Já a região Leste foi a mais barata, com uma cesta custando R$ 646,08, embora o aumento do café em pó, que chegou a 40,19 nesta região, tenha puxado o crescimento de 11,2 no valor total da cesta.

Segundo o levantamento do IEMB-Acirp, a previsão para os próximos meses é de que os preços dos alimentos continuem subindo, especialmente com a chegada da La Niña, cujos efeitos devem intensificar a seca no centro-sul do Brasil.

Metodologia  

O levantamento da cesta básica em Ribeirão Preto avalia mensalmente 13 itens descritos no decreto nº 399/1938, que define as quantidades alimentares mínimas necessárias para atender às necessidades nutricionais de um indivíduo de idade adulta.

A cesta considerada pela Acirp inclui carne bovina (6 kg de alcatra), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).

Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60 dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.