Covid-19 | Alta na ocupação de leitos UTI acende alerta para falta de insumos

Paciente em leito destinado para o tratamento da Covid-19 - Foto: Bruno Cecim/Ag.Pará

Ao menos 85% dos hospitais do estado de São Paulo operam com ocupação acima dos 80% em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de acordo com levantamento divulgado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp). A pesquisa foi feita entre os dias 11 e 17 de maio e aponta um aumento de 7,5% na ocupação, em relação ao estudo anterior, realizado no dia 30 abril, quando 79% dos hospitais contabilizavam ocupação acima de 80%.

De acordo com os dados, desses 85% de hospitais, 39% possuem ocupação de leitos de UTI para Covid-19 entre 91% e 100% e outros 46% enfrentam lotação de 81% a 90%. A pesquisa ouviu 90 hospitais, com 8.713 leitos clínicos e 4.091 leitos de UTI de todo o estado.

Esse é um cenário que preocupa, diz o médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, pois, com o ritmo das vacinações e a falta de vacinas, “a única alternativa possível para diminuir internações por Covid-19 é a população manter os protocolos de segurança, com máscara, lavagem de mãos e distanciamento social”.

Falta estoque

A preocupação se estende ainda para a falta de medicamentos para intubação dos pacientes que chegam às UTIs. De acordo com os dados, 58% dos hospitais privados do estado de São Paulo possuem estoque para 10 e 15 dias, sendo que 24% possuem estoque para 10 dias, enquanto 34% para 15 dias. Outros 3% dos hospitais afirmaram possuir estoque para menos de uma semana e mais 3% disseram ter para até uma semana.

Outro alvo da atenção das redes de saúde é o estoque de oxigênio que também se encontra em falta, devido à demora na entrega. Segundo o relatório, 51% dos hospitais têm estoque para 15 dias,  3% para dez dias, 6% para uma semana, 5% para menos de uma semana, 28% para até um mês e apenas 7% para mais de um mês. 

Entraves

Além da falta de insumos, os hospitais apontaram ainda outros problemas que dificultam o combate à pandemia da Covid-19. Entre eles, está o desfalque nas equipes de profissionais da saúde, que afetou em média 53% dos hospitais, que agora atuam com capacidade de atendimento inferior à quantidade de pacientes. Outros 38% relataram falta de profissionais de saúde e ainda 34% apontaram  a falta de médicos.  

Outro entrave é o aumento nos preços dos medicamentos e insumos, que desequilibra o orçamento dos hospitais. Segundo as redes entrevistadas, nos últimos dez dias, 86% 86% dos hospitais se depararam com aumento no preço dos medicamentos, sendo que 31% informaram disparada de até 100%, enquanto outros 36% tiveram aumentos superiores a 100%.

Ribeirão Preto

A região de Ribeirão Preto segue a mesma tendência na alta de ocupação de leitos, apresentada no estado, de acordo com Yussif Ali Mere Jr, presidente da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp).  “O percentual de vacinação da população é muito baixo para dar segurança para relaxamento das restrições de circulação”, disse. 

Segundo Ali Mere Jr, além da falta de insumos, o custo exponencial dos gastos dos hospitais com internações prolongadas e dispendiosas faz com que as instituições operem em previsão de equilíbrio porque não há como cortar ou contingenciar gastos. “O cenário de hoje, comparado com meses atrás, é de exaustão física e emocional dos profissionais de saúde, desde o pessoal de UTI até à recepção das unidades de saúde, sem contar a falta de profissionais em todos os setores. Os hospitais precisam de tempo para se organizarem a fim de se prepararem para receber novos doentes”, conclui .  

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