O dia 15 de dezembro de 2023 representa um divisor de águas na vida da família de Camilli Fernanda Grigoleto. Era manhã quando a criança, na época com 6 anos, passou a sofrer uma crise epiléptica.
De pronto, a jovem foi levada à UPA por familiares. O quadro de saúde não teve reversão, e o atendimento virou à noite. Quando quase três da manhã do dia seguinte, Camilli ainda sofria com a condição e precisou ser entubada.
A criança residente do bairro Ipiranga foi encaminhada ao Centro de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto. Passou dois meses no CTI. Diante de breve melhora na condição de saúde, Camilli foi levada ao quarto, onde permaneceu por outro mês.
Exames de tomografia e ressonância magnética diagnosticaram a condição. Camilli Fernanda teve neurônios queimados pela falta de oxigênio, e os exames constataram paralisia grau cinco.
Desde então, a criança vive em estado vegetativo. Faz traqueostomia para auxílio na respiração e se alimenta por dieta enteral, enquanto aguarda na fila pela instalação de uma sonda de gastrostomia para alimentação.
A dieta enteral custa caro. Para cada alimentação diária, a família precisa investir R$ 70. Por semana, a família gasta R$ 350. Por mês, são investidos R$ 1.4 mil, em média.
A família chegou a buscar auxílio com órgãos especializados – como o DRS (Departamento Regional de Saúde) – mas somente 10 latas foram disponibilizadas a cada 30 dias. A família ainda financia a maior parte da alimentação da infante.
Sobre fraldas, ainda de acordo com a família, são necessárias 120. 90 fraldas são disponibilizadas pelo auxílio, e os medicamentos necessários estão em falta.
Diversos aparelhos essenciais – como cama e máquinas de sucção – foram parcelados pela família e doados por instituições. Os objetos, entretanto, foram roubados durante ação criminosa.
No momento do crime, a Polícia Militar foi acionada, mas chegou à residência de Camily três horas após a comunicação do assalto. “Levaram tudo. Eu fiquei com a dívida dos aparelhos e agora é uma campanha atrás da outra. A gente está vivendo assim”, disse a mãe de Camilli, Daniela Grigoleto.
“Nossos nomes já estão super negativados. Praticamente, todo mês a gente precisava fazer empréstimo. Até a condução, que ela tem direito, está difícil de conseguir”, continuou a matriarca.
A Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto teve o posicionamento questionado, e o texto será atualizado conforme a manifestação da pasta. O mesmo vale para o Hospital das Clínicas, também indagado pelo jornalismo do Th+.
Atualização. Na íntegra, confira o posicionamento da Secretaria da Saúde:
“A Secretaria Municipal da Saúde informa que a paciente foi submetida a uma cirurgia para remover um tumor (lobectomia temporal esquerda), o que causou sequelas neurológicas. A paciente é seguida pelo SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar), o que indica que ela recebe cuidados médicos e de enfermagem em sua própria casa. O quadro clínico da paciente é complexo e grave, com múltiplas condições médicas que afetam sua qualidade de vida e prognóstico.
Em relação as necessidades da paciente, a equipe do SAD está neste momento avaliando que pode oferecer para a família”.
O assalto
O crime aconteceu em 11 de setembro de 2024. Na ocasião, um criminoso – não identificado pela Polícia Civil até hoje – invadiu a residência da família, no bairro Ipiranga, após pular o muro da casa.
Quando a invasão foi notada, Daniela estava sozinha na residência com Camilli. Mãe e filha se esconderam em um cômodo e nele permaneceram até a chegada da Polícia Militar, algumas horas após a notificação do crime.
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado como roubo, o criminoso levou o aparelho de traqueo, as dietas e as fraldas. Além dos objetos roubados, uma cadeira especial foi danificada.
Meses se passaram, mas nenhum material roubado foi encontrado até o momento e o suspeito segue sem identificação.
Contribua
Para doar qualquer valor, utilize a chave pix: [email protected]. A família pode ser contactada pelo WhatsApp (16) 98104-8121 – Daniela.
Encontre Camilli pelo Instagram @camillinandasilva e TikTok @danielagrigoleto.



