O custo dos alimentos segue em alta em Ribeirão Preto, conforme aponta levantamento da Associação Comercial e Industrial (Acirp): em março, o preço da cesta básica na cidade teve inflação de 1,54% em relação ao mês anterior.
O valor médio do kit de alimentos, aferido mensalmente pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi, o departamento econômico da entidade, tem apresentado sucessivos aumentos nos últimos meses.
A situação, de acordo com o analista do IEMB-Acirp, Lucas Ribeiro, é reflexo de uma série de eventos econômicos, cambiais e climáticos que afetam diretamente o valor dos alimentos essenciais para a população.
“Um dos fatores que explica a alta é o comportamento dos produtos cotados em dólar, sobretudo commodities como o café. Com a moeda norte-americana valorizada, os produtores nacionais tendem a exportar mais, reduzindo a oferta interna e, consequentemente, pressionando os preços domésticos para cima”, exemplifica Ribeiro.
Outro fator relevante é o aumento da demanda por alimentos. A renda da população tem crescido no Brasil, impulsionada por um cenário de baixo desemprego (6,2%) e por políticas de estímulo econômico adotadas pelo governo, como o aumento dos gastos públicos.
“Esse movimento aquece o consumo e contribui para a elevação do nível geral de preços, tornando mais cara a cesta básica. Para conter essa tendência inflacionária, o controle dos gastos públicos aparece como uma das medidas mais eficientes”, avalia o analista da Acirp.
Ações do governo
Em uma tentativa de mitigar o impacto da alta de preços, o governo anunciou, no mês de março, o corte de tarifas de importação sobre alguns produtos que também compõem a cesta básica, como carne, café e açúcar.
A medida, entretanto, tem caráter paliativo, explica o analista, e seus efeitos serão percebidos apenas no médio prazo, com impacto bastante limitado no curto prazo.
“A maioria dos produtos beneficiados são aqueles dos quais o Brasil é um grande exportador, o que reduz a eficácia desta política para conter os preços internos”, explica Ribeiro.
O que impactou mais
Alimentos como tomate italiano (+12,66), margarina com sal (+9,59) e café em pó (+5,15) apresentaram alta de preços significativas, contribuindo para o aumento dos preços em Ribeirão.
Carnes corresponderam por 46,04% do orçamento total da cesta média, seguidas de frutas e legumes (21,18) farináceos (19,86), laticínios (6,36), leguminosas (3,28), cereais (2,44) e óleos (0,83)
Regiões
O levantamento mostra que a região central novamente apresentou a cesta mais cara do município (R$781,42, com alta de 2,15% em relação a fevereiro). A cotação mais baixa foi na Leste (R$704,17), a única a apresentar queda no mês (-5,76%). Nas zonas Norte, Oeste e Sul, o preço médio foi de R$ 764,73 (+5,46), R$ 768,10 (+5,58) e R$ 762,32 (+1,89), respectivamente.
Metodologia
O IEMB-Acirp visitou, em 10 de março, dez supermercados/ hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as regiões Norte, Leste, Oeste, Sul e Central de Ribeirão Preto. Foram coletados os preços dos produtos que compõem a cesta de consumo segundo as provisões mínimas estipuladas pelo DL nº 399/1938.
A cesta considerada inclui carne bovina (6 kg de alcatra), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.