Olá pessoal!
Não estamos em aula de português, somente quero chamar atenção para a doença Depressão que ocorre de modo particular no idoso, chamada popularmente de “a depressão do idoso”, aquela que surge com algumas particularidades e, em alguns casos, pode ser confundida com comportamento próprio do envelhecimento.
Considerando o campo vivencial, o idoso está numa situação de constantes mudanças contínuas e perdas. Podemos observar a ocorrência dos seguintes eventos: o suporte sócio-familiar pode ser disfuncional, sem estrutura; a perda do status ocupacional e econômico – aposentou-se ou vive de benefícios, com pouca ou nenhuma autonomia; o declínio físico continuado e as vezes acelerado com a instalação de doenças crônico-degenerativas; a perda da capacidade de ser pragmático, tudo se torna mais complexo em sua vida; perda de pessoas contemporâneas, amigos ou entes queridos, causando uma sensação que o fim está próximo. Todas essas perdas são mais que suficientes para um rebaixamento do humor, um sentimento de insegurança e uma dificuldade em resolver as frustrações. Consideramos essa depressão própria do idoso, pois está relacionada com tais fatores sócio -comportamentais.
A desregulação entre fatores ambientais, constitucionais, biológicos e suporte social pode contribuir para depressão no idoso. Ainda podemos considerar os traços de personalidade, como comportamento já ansioso, depressivo ou distímico que contribuem muito para instalação de depressão.
Um fato específico e não incomum é o envelhecimento biológico/orgânico que contribui para a eclosão da depressão através das doenças físicas e a consequente incapacitação, como alterações vasculares, hipotireoidismo, demência, entre outros. Esse tipo está diretamente relacionado a diminuição ou desregulação de neurotransmissores como serotonina, dopamina, e noradrenalina que podem ser regulados com medicamentos específicos, além de tratar a doença de base que desencadeou a depressão orgânica.
Mas e a depressão citada acima, proveniente de alterações sócio – comportamentais, também é tratada com medicamentos?
Em ambas situações o tratamento pode envolver medicamentos específicos, porém o mais importante é dar ao idoso condição de exercer sua vida de modo particular, respeitando suas limitações, dando lhe a autonomia possível, estimulando suas capacidades funcional e cognitiva, valorizando sua experiência de vida, cuidando para que suas fragilidades não restrinja o idoso ao seu leito, sua poltrona ou a solidão.
O idoso precisa ser valorizado amplamente, não o deixando sentir que é um peso na vida dos familiares e mantendo-o sempre inserido no contexto familiar.
Todos nós temos que aprender envelhecer, tanto preservando a saúde física e mental, quanto cuidando de nossos idosos, algo que é inclusive admirável na cultura asiática. Ressalto que a medicação supre aquele neurotransmissor que está em baixa, mas não supre os fatores biopsicossociais, sendo necessário se atentar para não medicalizar sem tratar a real causa. Pensem nisso, pessoal! E até mais!
Dra. Rivia Tirone
cremesp – 174.461