Dia do advogado. Essa data, celebrada em 11 de agosto, é especial por uma série de motivos. Antes de mais nada, em 2022, para mim, existe um motivo especial: é a primeira vez que integro a classe celebrada. Apesar disso, devo admitir, há muito a se trabalhar, e pouco a se comemorar.
A advocacia é, acima de tudo, a ponta mais frágil do sistema Judiciário brasileiro. Vivemos um tempo em que juízes, do alto de suas togas, criam suas próprias versões, algumas delas absurdas, da legislação vigente.
Nesse sentido, magistrados sistematicamente subjugam a advocacia e suas prerrogativas no cotidiano dos fóruns pelo País.
E, ao mesmo tempo, onde o advogado se faz ainda mais necessário.
Em primeiro lugar, começando a conhecer o Judiciário por dentro, percebo que o buraco é ainda mais embaixo do que o imaginava enquanto jornalista. Vemos decisões que demoram meses quando deveriam demorar dias, e processos que deveriam terminar em meses, durando anos. Ou décadas. Tudo graças à inércia excessiva.
Advogado por paixão
Vejo, enquanto advogado, o processo que só anda quando você cobra o servidor, que não deveria ter a função de decidir. Vejo o direito cotidianamente ser espancado em nome das conveniências e as maiores injustiças serem perpetradas sem que se possa recorrer.
Em contrapartida, também vejo exemplos maravilhosos de decisões locais que inspiram e que trazem conforto e acolhimento a quem, durante toda a vida, teve até o mais básico direito, o da existência, negado.
Do mesmo modo, vejo a paixão com que dezenas, talvez centenas de advogados defendem o direito dessas pessoas, muitas vezes recebendo honorários simbólicos, como os pagos pela Defensoria Pública.
Ainda que sempre apaixonado pelo mundo do Direito, decidi, aos 35 anos, cursar uma nova faculdade e enfrentar um caminho completamente novo devido a uma insatisfação pessoal relacionada ao Poder Judiciário.
Motivação
Ao longo da minha vida, sofri na pele, e a um custo pessoal muito alto, os problemas da morosidade e da falta de humanização. Ao passo que, a todo dia que sou buscado para representar um cliente, fazer com que essa pessoa não viva o que eu vivi ao buscar Justiça.
Dinheiro importa, obviamente, e faz bem para qualquer pessoa. Por outro lado, não é isso que me paga. Essa eterna insatisfação com a injustiça, essa forma de ver o mundo como ele deveria ser, é o combustível que me move, enquanto jornalista, e também enquanto neófito na advocacia.
Em suma, é esse o espírito, certamente, que move a advocacia, desde aquele longínquo 11 de agosto de 1827, data da criação dos primeiros cursos brasileiros de Direito.