Com a chegada do Dia Mundial do Cachorro, comemorado nesta segunda-feira (26), o Detran-SP reforça as orientações para o transporte seguro dos pets. Para quem preza os bichinhos e a própria vida, saber cuidar é fundamental o ano todo.
Tutora de cachorros desde a infância, a paulista Roberta Dias fez da relação com os animais uma forma de vida. Mesmo depois de estudar e se formar em Arquitetura, carreira que percorre há 20 anos, ela mantém sempre em paralelo uma pequena matilha. Hoje, são 10 chihuahuas, cinco dos quais leva para cima e para baixo a exposições em que recebem prêmios por sua conformação e beleza. Uma das estrelas do grupo, Audrey se sagrou jovem campeã mundial aos 12 meses, no World Dog Show (WDS), realizado em São Paulo, em 2022. Mas leva com todo o cuidado – o mesmo que a fez voltar à faculdade e encarar uma graduação em veterinária, agora no 7º semestre.
Cadeirinhas, caixas de transporte e cintos de segurança estão sempre à mão para garantir uma viagem segura e, de quebra, blindar Roberta de infrações que podem resultar em pontos na carteira nacional de habilitação (CNH) e multa de até R$ 195,23.
“Aprendi desde pequena, com a minha mãe, a transportar os cachorros com cuidado. Ela dizia que era prudente, caso houvesse uma freada brusca, e tinha toda a razão. Na época, tínhamos uma caixa de madeira para levar a minha primeira cachorra, uma poodle. Hoje, existem caixas mais leves, mais fáceis de transportar, mais confortáveis e ainda mais seguras para pets. Em trajetos curtos, eu também uso a cadeirinha, sempre acoplada à coleira peitoral pelo mosquetão do próprio aparelho. Estradas de terra e buracos podem até causar fraturas nos cães menores, que são mais sensíveis”, diz.
No caso de um cachorro maior, lembra a criadora, o risco é o animal colocar a cabeça para fora pela janela, bater o rosto, tentar pular ou até mesmo perder o equilíbrio e cair. Mais: com a cabeça fora do carro, o cachorro pode contrair um cisco, um problema ocular e uma infração para o motorista.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não indica como obrigatório o uso de cadeirinhas ou caixas de transporte desenvolvidas para pets, até pela diversidade dos animais domésticos e pela dificuldade de indicar dimensões e formatos a adotar, como lembra Sheyla Siqueira, gerente de fiscalização e infrações do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP). Mas prevê duas punições que podem ocorrer quando um bichinho está solto no automóvel.
À deriva no veículo, o cachorro pode se aventurar pela janela, subir no colo ou se esgueirar entre os braços e pernas do condutor, o que, por elevar os riscos de distração, perda de controle ao volante e acidente, configura infração média, com quatro pontos na CNH e multa de R$ 130,16, segundo o artigo 252 do CTB.
A médica veterinária Ana Beatriz Fonseca reforça sempre aos tutores que utilizem cinto de segurança apropriado para manter seus bichinhos seguros – assim como a si mesmos e aos outros. “O cinto é um instrumento simples de usar no carro, vale a pena. Outro dia, uma cliente minha bateu o carro depois que o cachorro pulou no colo dela”, conta. “Infelizmente, muita gente ainda tem o hábito de levar o animal no colo quando dirige.”
A veterinária tem razão: dados do Detran-SP mostram que, só neste ano, já foram autuados cerca de 900 motoristas pelo transporte de bichinhos à esquerda ou entre pernas e braços, infração prevista no artigo 252. Desde 2020, o total de multas lavradas chega a 6.301.
A punição é ainda mais salgada, com cinco pontos na habilitação e multa de R$ 195,23, no caso de outra infração, considerada grave no artigo 235 do CTB: transportar animais na parte externa do veículo – nem pense em fazer seu cachorro surfar sobre o capô. Os casos de bichinhos com o focinho para fora da janela se enquadram aqui.
Neste ano, 80 motoristas foram autuados no estado por essa infração, número que sobe a 119 no acumulado desde 2020.
“Vale sempre ressaltar que o ponto principal é a segurança do bichinho. O importante é que ele esteja preso e bem acomodado para que, quando o carro frear, não seja arremessado de um ponto para outro”, diz Sheyla, do Detran-SP.
Experiente no trânsito com cachorros, a tutora Roberta Dias concorda. “Eu viajo bastante para as exposições e nunca tive nenhum tipo de problema transportando a Audrey na caixinha porque tenho a certeza de que ela estará protegida e eu também, e posso guiar sem a preocupação de, numa eventualidade, ter de tentar segurá-la e perder o controle ao volante.”